Uma recente onda de desastres aéreos gerou preocupação entre passageiros e nas redes sociais. Imagens impressionantes de incidentes evitados por pouco viralizaram, levantando a dúvida: os acidentes estão realmente se tornando mais frequentes?
O Secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, tentou tranquilizar a população em entrevista à CBS News, alegando que a série de desastres recentes foi um “evento muito específico”. A declaração veio após vários incidentes graves, incluindo uma colisão fatal entre um avião comercial e um helicóptero militar em Washington, que deixou 67 mortos, e um pouso desastroso em Toronto devido ao mau tempo.
No Brasil, também houve ocorrências notáveis. Em 22 de dezembro de 2024, um avião de pequeno porte caiu no centro de Gramado (RS), vitimando dez pessoas. Em janeiro de 2025, um avião caiu em Ubatuba (SP), causando uma morte e quatro feridos. No mês seguinte, outra aeronave caiu na Barra Funda, em São Paulo, matando os dois ocupantes.
Apesar dessas tragédias, os dados indicam que a aviação segue sendo um meio de transporte cada vez mais seguro. O Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA (NTSB) aponta uma queda geral nos acidentes entre 2005 e 2024, mesmo com o aumento do volume de voos. Em janeiro de 2025, foram registrados 52 acidentes aéreos nos EUA, um número menor que os 58 de 2024 e os 70 de 2023.
A Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) também confirma essa tendência global. A taxa de acidentes por milhão de decolagens tem caído desde 2005, e o número de mortes também reduziu ao longo dos anos. No entanto, eventos de grande impacto, como o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines e o abate do voo MH17 em 2014, fazem com que os dados oscilem.
Especialistas ressaltam que o aumento da cobertura midiática e a disseminação de vídeos nas redes sociais contribuem para a sensação de insegurança, mesmo sem um aumento real no número de acidentes. O ex-investigador-chefe de desastres aéreos da Finlândia, Ismo Aaltonen, enfatiza que a segurança aérea continua alta e que cada incidente é estudado minuciosamente para evitar ocorrências semelhantes no futuro.
A aviação segue sendo, de longe, a forma mais segura de viajar. Nos EUA, menos de 1% das mortes relacionadas ao transporte em 2022 foram ligadas a acidentes aéreos, enquanto mais de 95% ocorreram em rodovias. Em termos de distância percorrida, o nível de fatalidade aérea é significativamente inferior ao do transporte terrestre.
Portanto, apesar do recente aumento na exposição de acidentes, os dados apontam que voar continua sendo seguro. Como diz Aaltonen: “O trajeto até o aeroporto é, estatisticamente, a parte mais perigosa da viagem”.