12 de maio de 2025 – São Paulo — O mercado financeiro brasileiro iniciou a semana em alta, impulsionado pela notícia do acordo entre Estados Unidos e China para redução temporária de tarifas comerciais. O dólar e o Ibovespa, principal índice da B3, operam em terreno positivo nesta segunda-feira (12), refletindo o alívio nas tensões globais e a melhora do sentimento dos investidores.
O dólar comercial avançava 0,61% às 16h10, cotado a R$ 5,6894, após atingir a máxima de R$ 5,7059. Na sexta-feira (9), a moeda norte-americana havia recuado 0,11%, encerrando a R$ 5,6547. Já o Ibovespa subia 0,16%, alcançando 136.730 pontos — uma continuidade da valorização de 0,21% registrada na última sessão, quando o índice fechou no maior nível desde agosto do ano passado.
O movimento ocorre após o anúncio de que Estados Unidos e China concordaram em reduzir significativamente suas tarifas de importação por 90 dias. As taxas dos EUA sobre produtos chineses cairão de 145% para 30%, enquanto a China reduzirá as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%. A trégua nas tarifas tem como objetivo mitigar os efeitos negativos das medidas anteriores, que vinham pressionando as cadeias de suprimentos e aumentando os riscos de uma recessão global.
O anúncio provocou reação imediata nos mercados internacionais. As principais bolsas de valores subiram, incluindo os índices de Nova York, com o S&P 500 atingindo o maior nível desde março. O yuan chinês também se valorizou, alcançando a cotação de 7,2001 por dólar, maior patamar em seis meses.
Especialistas avaliam que o corte de tarifas foi mais profundo do que o previsto. “Achei que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno de 50%. Claramente, esta é uma notícia muito positiva para as economias de ambos os países”, afirmou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management, em entrevista à Reuters.
Além disso, os mercados reagem à melhora do clima geopolítico, com a recente declaração de cessar-fogo entre Índia e Paquistão, após semanas de tensão militar. A trégua foi vista como outro fator de alívio para os investidores internacionais.
Cenário interno: Selic e inflação no radar
No Brasil, o foco também está voltado para a política monetária. O Banco Central elevou na semana passada a taxa básica de juros (Selic) para 14,75% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada nesta terça-feira (13), poderá trazer mais detalhes sobre a decisão e eventuais pistas sobre os próximos passos.
O boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, apontou que o mercado já não espera novas elevações da Selic até o fim de 2025. A expectativa de inflação para o próximo ano também foi revista para baixo, passando de 5,53% para 5,51%, embora ainda acima do teto da meta de 4,5%.
Na sexta-feira (9), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA — principal índice de inflação do país — subiu 0,43% em abril, dentro das projeções do mercado. O dado reforçou a percepção de que o ciclo de alta dos juros pode estar chegando ao fim.
Em comunicado, o Copom ressaltou que a instabilidade na economia global, agravada pela guerra comercial entre EUA e China, tem pressionado a inflação doméstica. Além disso, a política fiscal brasileira, com despesas ainda elevadas, segue sendo um fator de atenção para a autoridade monetária.
Resumo dos mercados
Dólar comercial:
- Cotado a R$ 5,6894 às 16h10 (+0,61%)
- Na semana: +0,02%
- No mês: -0,39%
- No ano: -8,50%
Ibovespa:
- 136.730 pontos às 16h10 (+0,16%)
- Na semana: +1,02%
- No mês: +1,07%
- No ano: +13,49%
O ambiente externo mais favorável, somado à expectativa de estabilização da taxa Selic, pode sustentar o otimismo do mercado brasileiro nos próximos dias. Contudo, analistas alertam que o cenário ainda exige cautela, com fatores como a evolução das negociações comerciais e os desdobramentos da política fiscal nacional ainda no radar dos investidores.