Washington, 8 de Novembro de 2024 – O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (8) detalhes sobre um suposto complô iraniano para assassinar Donald Trump, em um plano atribuído a agentes ligados ao governo do Irã. A trama, que visava vingar a morte do general iraniano Qassem Soleimani, executado em 2020 sob ordens de Trump, estaria inserida em uma série de ações planejadas por Teerã contra dissidentes e membros do governo americano.
De acordo com as autoridades, Farhad Shakeri, apontado como agente do governo iraniano, foi identificado como o principal responsável pela tentativa de planejar o assassinato. A revelação foi feita por meio de documentos tornados públicos por um tribunal federal em Manhattan, onde consta que Shakeri teria sido instruído a desenvolver um plano para monitorar e eliminar Trump em sete dias. A ordem veio supostamente de um contato da Guarda Revolucionária iraniana, com quem Shakeri mantém uma rede de contatos desde sua prisão em solo americano.
Conexão com Rede Criminosa
Farhad Shakeri, que atualmente está foragido, supostamente criou uma rede de colaboradores durante seu tempo de prisão nos Estados Unidos. Essa rede, segundo o Departamento de Justiça, vinha sendo usada para operações de vigilância e execuções a mando do governo iraniano. O Departamento de Justiça também informou a prisão de dois suspeitos, Carlisle Rivera e Jonathon Loadholt, ambos em Nova York, que teriam sido recrutados por Shakeri para participarem de outros atentados, incluindo o monitoramento de um jornalista iraniano-americano dissidente.
O cidadão alvo, cuja identidade não foi revelada, é um crítico declarado do regime iraniano e teria sido monitorado por Loadholt e Rivera ao longo de meses. A trama ocorreu apenas três semanas após a acusação de um general da Guarda Revolucionária iraniana por um suposto plano de assassinato contra a jornalista dissidente Masih Alinejad, radicada em Nova York.
“Grave Ameaça à Segurança Nacional dos EUA”
Em nota oficial, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, declarou que “existem poucos atores no mundo que representam uma ameaça tão grave à segurança nacional dos Estados Unidos quanto o Irã”. A conspiração para matar Trump, revelada poucos dias após a sua vitória nas eleições, reflete o que as autoridades federais descrevem como os contínuos esforços do Irã para atingir figuras do governo americano em solo nacional.
Christopher Wray, diretor do FBI, reforçou que as acusações “exemplificam as tentativas descaradas do Irã de perseguir cidadãos dos EUA, incluindo o presidente eleito, líderes de governo e críticos declarados do regime iraniano”.
Tensões entre Washington e Teerã
Além dos planos de assassinato, o Irã teria conduzido uma série de operações de hacking contra pessoas associadas à campanha de Trump, com o objetivo de interferir nas eleições americanas. As tensões entre os dois países se intensificaram durante o primeiro mandato de Trump, especialmente após a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã e a reimposição de sanções severas, que culminaram no assassinato de Soleimani, uma das principais figuras militares do Irã.
Para o Departamento de Estado, a situação tornou-se ainda mais crítica, ao ponto de ser oferecida uma recompensa de US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 114 milhões) por informações que levem à captura do suposto mentor iraniano envolvido em um outro complô para matar John Bolton, ex-embaixador e conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.
Esse caso recente sublinha as tensões persistentes e a complexidade das relações entre Washington e Teerã, agravadas por uma sequência de tentativas de retaliação. Autoridades dos EUA seguem vigilantes diante de uma ameaça que, segundo afirmam, permanece um dos maiores desafios à segurança nacional do país.