Caracas, 3 de Agosto de 2024 – Um dia após o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarar que Edmundo González obteve a maioria dos votos nas eleições venezuelanas, cinco países latino-americanos contrariaram a posição de Nicolás Maduro e reconheceram o opositor como presidente eleito.
Ao longo da sexta-feira (2), Argentina, Uruguai, Costa Rica, Equador e Panamá decidiram seguir a posição norte-americana, aprofundando o clima de desconfiança sobre a alegada vitória de Nicolás Maduro na Venezuela. O Peru também já havia se manifestado em favor da oposição no país.
A posição desses países foi formada cinco dias após o pleito e em meio a uma onda crescente de cobranças no plano internacional por mais transparência no processo e pela apresentação das atas com detalhes dos resultados da votação nas diversas regiões do país.
“O ditador Maduro perdeu as eleições e nunca apareceram as famosas atas onde ele iria demonstrar que havia vencido”, disse Manuel Adorni, porta-voz do governo argentino, confirmando declarações anteriores de Diana Mondino, ministra das Relações Exteriores.
No Uruguai, o chanceler Omar Paganini escreveu que “Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela. Esperamos que a vontade do povo venezuelano seja respeitada.”
Antes disso, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, havia afirmado que “agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”.
Apesar da pressão, a Justiça da Venezuela, controlada por Maduro, já declarou que a reeleição é irreversível. O Conselho Eleitoral do país, por sua vez, declarou que contabilizou quase todas as atas eleitorais e que Maduro aparece à frente de González por 52% a 43%.
Os números vêm sendo contestados pela oposição, que mobilizou militantes para fiscalizarem o processo e afirmam que, com a verificação de mais de 80% das atas, González liderava por 67% dos votos contra 30%.
O Brasil adotou uma postura mais distante ao não reconhecer a vitória de Maduro, mas também não apontar, por ora, a existência de fraude no processo. O país insiste no pedido das atas eleitorais e na realização de alguma verificação do processo, tentando manter uma posição de mediador no caso, dado o maior acesso ao regime de Maduro em comparação com outros países.