Argentina e EUA Lideram Quedas Entre Principais Bolsas Globais, Enquanto Europa e Países Emergentes Sobem

Os primeiros meses de 2025 apresentaram um cenário financeiro global marcado por altas expressivas em várias bolsas de valores, enquanto os mercados dos Estados Unidos e da Argentina sofreram quedas acentuadas, impactados por questões econômicas internas e políticas de ambos os países.

De acordo com um levantamento realizado por Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria, a maior baixa foi registrada pelo S&P Merval, principal índice acionário da bolsa argentina, que sofreu um recuo de 14,74% desde o início do ano até o dia 13 de março, considerando a rentabilidade já dolarizada. A crise econômica da Argentina, marcada pela inflação descontrolada e instabilidade política, está entre os principais fatores que afetaram negativamente o desempenho das ações no país.

Nos Estados Unidos, os três principais índices acionários também apresentaram quedas significativas. O Nasdaq recuou 10,40%, o S&P 500 teve uma baixa de 6,12% e o Dow Jones registrou um declínio de 4,07%. O pessimismo que toma conta do mercado americano é reflexo das incertezas sobre a política fiscal e monetária do país, além de pressões inflacionárias persistentes. Desde a posse do ex-presidente Donald Trump, as bolsas dos EUA já perderam mais de US$ 4 trilhões em valor de mercado, conforme dados da Elos Ayta Consultoria.

Impactos das Tarifas de Trump e da Inflação nos EUA

Um dos fatores que explicam a queda nas bolsas americanas é a política tarifária de Trump, que impôs uma série de taxas de importação sobre diversos produtos e países. Isso elevou os custos de diversos itens, e o receio é de que esses aumentos de preços se reflitam diretamente nos preços ao consumidor, agravando ainda mais a inflação no país. Além disso, a inflação elevada, impulsionada pela recuperação econômica pós-pandemia e pelo consumo aquecido, preocupa os investidores sobre uma possível desaceleração do consumo nos próximos meses.

Vitor Miziara, analista de investimentos, alerta que, com o aumento dos preços, o consumo dos americanos pode sofrer uma desaceleração significativa, o que poderia reduzir a atividade econômica e até mesmo levar o país a uma recessão. Caso a inflação continue disparando, o Federal Reserve (Fed) poderia demorar mais para reduzir suas taxas de juros, ou até mesmo elevar ainda mais, o que encareceria o crédito e afetaria negativamente a economia.

Alta nas Bolsas da Europa e Países Emergentes

Na contramão das quedas observadas nos Estados Unidos e na Argentina, a Europa e várias nações emergentes apresentaram um desempenho positivo no começo de 2025. O Euro Stoxx 50, índice que reúne as ações de grandes empresas da Zona do Euro, registrou a maior alta no período, com 31,36%. Além disso, as bolsas de outros países europeus, bem como nações emergentes como China, México e Chile, também tiveram um bom desempenho.

O Brasil está entre os países que apresentaram alta. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira B3, acumulou um avanço de 11,26% até o momento, refletindo a confiança dos investidores no cenário econômico do país.

Desafios na Argentina

Na Argentina, a queda da bolsa de valores está diretamente ligada à política econômica implementada pelo presidente Javier Milei, que adota uma abordagem agressiva para tentar controlar a inflação e reequilibrar as contas públicas. As medidas tomadas por Milei, embora busquem estabilizar a economia no longo prazo, têm gerado volatilidade nos mercados e uma falta de confiança entre os investidores.

O desempenho do mercado financeiro global em 2025 reflete a complexidade do cenário econômico mundial, com mercados avançados enfrentando desafios internos e países emergentes, como o Brasil, se destacando com crescimento positivo. A dinâmica das bolsas continuará a depender da evolução dos fatores econômicos e políticos em cada região, além do impacto das políticas fiscais e monetárias adotadas pelos governos.

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