Um ex-militante do movimento pró-democracia da China, asilado nos Estados Unidos, foi acusado na última quarta-feira de atuar como agente ilegal do governo chinês, segundo informações divulgadas pelo Departamento de Justiça americano.
Tang Yuanjun, de 67 anos, que foi condenado a 20 anos de prisão na China por sua participação nos protestos pró-democracia de 1989, na Praça Tiananmen, em Pequim, teria desempenhado funções para o Ministério da Segurança do Estado (MSE) da República Popular da China (RPC), de acordo com as autoridades americanas. O MSE é a principal agência de inteligência civil do país asiático.
Há duas décadas, Tang fugiu da China nadando até uma ilha sob controle de Taiwan, onde buscou refúgio. Posteriormente, ele conseguiu asilo político nos Estados Unidos, onde viveu desde então. No entanto, o Departamento de Justiça afirma que Tang utilizou sua posição nos EUA para fornecer informações ao MSE sobre indivíduos e grupos que o governo chinês considera adversários, incluindo proeminentes ativistas pró-democracia e dissidentes chineses residentes no país.
Tang foi preso na quarta-feira e deve comparecer em breve diante de um juiz para responder às acusações.
A prisão de Tang Yuanjun remete ao seu histórico de ativismo na China. Ele foi condenado a 20 anos de prisão por seu envolvimento no movimento pró-democracia de 1989, que culminou no infame Massacre da Praça da Paz Celestial. Naquele ano, milhares de manifestantes, em sua maioria estudantes, se reuniram na Praça Tiananmen, em Pequim, exigindo reformas políticas e maior liberdade. O governo chinês respondeu com uma violenta repressão, resultando na morte de centenas, possivelmente milhares, de manifestantes.
As acusações contra Tang levantam questões delicadas sobre as operações de espionagem e o alcance do governo chinês em solo americano, especialmente em um momento de tensões crescentes entre as duas potências globais. A detenção de Tang também chama atenção para a vulnerabilidade de dissidentes chineses que, mesmo após fugir do regime autoritário, continuam a ser alvo de vigilância e perseguição.