Autor de Atropelamento em Zhuhai que Matou 35 Pessoas é Condenado à Morte

O atropelamento, realizado por um homem de 62 anos, ocorreu em um centro esportivo e chocou a China. Sentença foi proferida após julgamento público.

Zhuhai, 27 de dezembro de 2024 — O autor do massacre que matou 35 pessoas e feriu outras 43 em Zhuhai, cidade no sul da China, foi condenado à morte nesta sexta-feira (27), anunciou a televisão estatal chinesa CCTV. O atropelamento, ocorrido em 11 de novembro de 2024, teve como alvo pessoas que se exercitavam em frente a um centro esportivo da cidade, em um dos ataques mais mortais do tipo registrados no país nos últimos anos.

Fan Weiqiu, de 62 anos, dirigiu seu veículo 4×4 de forma deliberada contra as vítimas, atropelando dezenas de pessoas que estavam caminhando e correndo ao ar livre no complexo esportivo. O ataque, motivado por frustrações pessoais e insatisfações com o divórcio, foi imediatamente considerado um crime de extrema gravidade pelas autoridades locais.

De acordo com a polícia, Fan Weiqiu foi preso no local após tentar fugir e se ferir com uma faca, que foi encontrada dentro do carro. O homem se declarou culpado durante seu julgamento público, realizado nesta sexta-feira. O veredito de pena de morte foi rapidamente anunciado pelo tribunal.

Motivos Pessoais e Impacto Social

O tribunal de Zhuhai afirmou que os motivos de Fan Weiqiu eram “extremamente vis”, e destacou a “natureza particularmente hedionda” do crime, que causou “dano significativo à sociedade”. O réu teria agido como uma forma de descontar sua indignação com o fim de seu casamento e com a divisão de bens após o divórcio, segundo a TV estatal. Esse contexto de frustração pessoal foi o principal fator que levou o homem a cometer o ato de violência em massa, que abalou a comunidade local e o país.

O caso de Zhuhai tem gerado um debate sobre os crescentes incidentes violentos na China, incluindo outros atropelamentos e ataques com facas, que se intensificaram nos últimos anos. Alguns analistas associam esses eventos à crescente insatisfação da população, exacerbada pela desaceleração da economia e pela crescente estratificação social, que tem gerado frustração entre diferentes camadas da sociedade.

Reações Internas e Censura na China

O atropelamento em Zhuhai causou grande comoção dentro da China, mas a cobertura do caso na mídia local foi fortemente controlada. Notícias sobre o ataque foram censuradas nas redes sociais chinesas, com buscas no Weibo, a maior plataforma de mídia social do país, resultando em poucos detalhes sobre o incidente. Imagens e publicações que mencionavam o massacre foram rapidamente removidas das plataformas, gerando críticas sobre a repressão à liberdade de expressão.

Em Zhuhai, uma equipe de jornalistas da rede britânica BBC foi abordada por um homem, que interrompeu a gravação de imagens no local do ataque. Segundo a equipe, o indivíduo se identificou como um agente governamental e afirmou que a equipe não tinha permissão para filmar no local. A censura se alinha a uma tendência de controle das notícias sobre crimes violentos e outras questões sensíveis, comum na China, onde o governo frequentemente monitora e restringe o fluxo de informações.

O Contexto do Atentado

O ataque ocorreu em um momento em que Zhuhai estava especialmente movimentada, devido à realização de uma importante exposição de aviação organizada pelo Exército chinês. O evento anual, que atrai milhares de visitantes, coincidiu com o atropelamento, aumentando ainda mais o impacto e a atenção pública sobre o caso.

O presidente chinês, Xi Jinping, fez uma declaração pública sobre o ocorrido, pedindo que o autor do crime fosse punido de acordo com a lei. A rápida sentença de morte para Fan Weiqiu reflete a gravidade com que o governo chinês tratou o incidente, classificando-o como um ataque de extrema violência e impacto social.

Um Crime que Abalou a Nação

A condenação à morte de Fan Weiqiu é uma resposta severa ao que foi um dos ataques mais trágicos e chocantes do ano na China. O incidente em Zhuhai não apenas gerou uma onda de comoção, mas também trouxe à tona questões sobre segurança pública e os desafios sociais enfrentados pelo país, em um contexto de crescente insatisfação entre setores da população.

A pena de morte, embora seja uma prática comum em casos de crimes graves na China, também levanta questões sobre o sistema de justiça penal e a resposta do governo chinês a eventos que expõem a tensão social no país. O caso de Zhuhai, com suas circunstâncias trágicas e o forte controle da informação, continua a ser um ponto de reflexão para o futuro das políticas de segurança e liberdade de expressão na China.

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