Nos Estados Unidos, cresce o número de bares e restaurantes que adotam políticas de restrição de idade para seus clientes. A justificativa? Atrair um público mais maduro e evitar o comportamento indisciplinado de frequentadores mais jovens. No entanto, essas decisões têm gerado debates acalorados sobre discriminação, estratégias de negócio e liberdade dos consumidores.

A Ascensão das Restrições de Idade

Johnny B. Barounis, proprietário do The Auction House, em Nova York, foi pioneiro ao implementar uma política de entrada para maiores de 25 anos nos anos 1990. Segundo ele, a decisão foi motivada pela vontade de criar um ambiente sofisticado, evitando problemas comuns associados a jovens recém-chegados à idade legal para consumo de álcool. Trinta anos depois, seu modelo inspira bares e lounges em todo o país, como o Bliss, um restaurante sofisticado no Missouri que adotou uma política ainda mais rígida: entrada permitida apenas para mulheres acima de 30 anos e homens com mais de 35.

Marvin Pate, proprietário do Bliss, defende a decisão como uma forma de oferecer um espaço “adulto e sexy” para pessoas maduras. Contudo, as críticas surgiram rapidamente, especialmente devido à diferença de idade entre os gêneros. Enquanto algumas mulheres elogiam a atmosfera sofisticada, outras reclamam de não poder frequentar o local acompanhadas de parceiros mais jovens.

Um Debate Sobre Exclusividade e Inclusão

Embora sejam populares entre um público mais velho, essas políticas enfrentam resistência de quem acredita que a idade não é um indicador confiável de maturidade. Críticos argumentam que ajustes no preço do cardápio ou na curadoria de eventos seriam estratégias mais eficazes para alcançar o público-alvo sem excluir potenciais clientes.

Ainda assim, especialistas jurídicos, como Trey Lindley, afirmam que essas práticas dificilmente configuram discriminação ilegal. Desde que as restrições sejam aplicadas uniformemente e tenham uma justificativa razoável, elas são permitidas por lei. No entanto, questões como a discrepância de idade entre homens e mulheres podem abrir espaço para desafios legais.

Viabilidade Econômica e Tendências

Apesar da atenção gerada, especialistas do setor acreditam que essas restrições de idade não devem se popularizar. Jovens profissionais constituem um mercado significativo para bares e restaurantes, sendo conhecidos por seu alto consumo em experiências gastronômicas e de lazer. Para Jason Kaplan, CEO da JK Consulting, excluir esse grupo representa uma perda significativa de receita.

Por outro lado, empreendimentos como o Horizons & More, um lounge para maiores de 30 anos em San Antonio, relatam sucesso com essa abordagem. A proprietária Toya Taylor acredita que o ambiente controlado compensa a redução de público, atraindo clientes dispostos a pagar mais por um espaço seguro e tranquilo.

O Futuro das Políticas de Idade

Enquanto alguns proprietários, como Barounis e Pate, defendem a eficácia de suas restrições, outros se perguntam se essas políticas são sustentáveis a longo prazo. A controvérsia em torno do Bliss, em particular, reflete uma sociedade dividida entre o desejo por espaços exclusivos e a necessidade de inclusão.

Para os estabelecimentos que adotam essas práticas, o desafio será equilibrar lucro e propósito. E para os clientes que ainda não se encaixam nos critérios, resta a promessa de que, um dia, a porta estará aberta. Como diz Pate: “As pessoas pediram por isso. Estamos apenas atendendo ao que elas queriam.”