O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, expressou preocupação sobre os impactos da possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito às questões ambientais e ao papel dos EUA na articulação global para o combate às mudanças climáticas. Em sua participação no Fórum Brasil, realizado nesta quarta-feira (13) pelo Grupo Lide, em Brasília, Barroso afirmou que a eleição de Trump pode ter um “impacto negativo” nas relações internacionais, destacando o histórico de ações do ex-presidente, como sua decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris.
O Acordo de Paris, assinado em 2015, é um tratado internacional com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a menos de 2ºC até o final deste século, sendo um dos pilares da luta global contra as mudanças climáticas. A retirada de Trump do acordo em 2020 foi um dos momentos mais polêmicos de sua presidência, embora o retorno dos EUA ao tratado tenha ocorrido logo após a posse de Joe Biden, em 2021. Trump, no entanto, já sinalizou sua intenção de abandonar o acordo novamente, caso vença as próximas eleições.
“Do ponto de vista ideológico e da articulação global, vai haver um impacto que pode ser negativo. Todo mundo sabe a posição do presidente eleito dos EUA, já saiu uma vez do Acordo de Paris. Eu acho lamentável”, disse Barroso, demonstrando preocupação com a retração de lideranças globais nos esforços climáticos.
Apesar disso, o presidente do STF também reconheceu que o cenário gerado pela possível volta de Trump ao poder pode abrir espaço para o surgimento de novas lideranças na luta contra as mudanças climáticas. “Há uma demanda no mundo humanista por um enfrentamento à mudança climática, que, se ela não for enfrentada com a liderança dos EUA, vão aparecer outras lideranças”, afirmou Barroso. Como exemplo, o ministro citou a China, que tem se posicionado como uma das principais potências econômicas e ambientais globais, especialmente após os Estados Unidos terem se retirado do Acordo de Paris.
Barroso destacou ainda que, embora o possível retrocesso nas políticas ambientais dos EUA seja um risco para a coordenação internacional em questões climáticas, o cenário global é dinâmico e outras potências podem surgir como protagonistas, caso os Estados Unidos se distanciem novamente das metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa.
A declaração de Barroso ocorre em um momento de crescente atenção internacional às questões climáticas, com diversos países e blocos regionais, como a União Europeia, se empenhando em políticas mais agressivas de redução de emissões e promoção de energias renováveis. A posição dos EUA, enquanto maior economia do mundo e um dos maiores emissores de gases poluentes, continua sendo crucial para o sucesso dos esforços globais contra o aquecimento global.
O Fórum Brasil, onde Barroso fez suas declarações, teve como tema central os desafios para um Brasil mais sustentável, e o ministro aproveitou para enfatizar a importância da cooperação internacional para o enfrentamento das questões ambientais, que, segundo ele, não podem ser tratadas de forma isolada.
Em resumo, embora Barroso tenha alertado para os riscos de um retrocesso nas políticas climáticas com a volta de Trump ao poder, ele também enxergou uma oportunidade para o surgimento de novas lideranças globais no combate às mudanças climáticas, com a possibilidade de outras nações, como a China, desempenharem um papel mais ativo na articulação de soluções para esse desafio urgente.