O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na noite deste domingo que concedeu um “perdão total e incondicional” ao seu filho, Hunter Biden, evitando que ele fosse condenado e preso por crimes federais relacionados à compra ilegal de uma arma e à sonegação de impostos.

Em um comunicado oficial, o presidente declarou que a decisão de conceder o perdão foi motivada pela crença de que as acusações contra seu filho foram politicamente motivadas e um “erro judicial”. “Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter”, afirmou Biden, que justificou a medida como uma correção a um processo legal que, segundo ele, teve motivação política e foi manipulado por adversários do seu governo.

O perdão impede que Hunter Biden seja sentenciado por crimes que poderiam resultar em longas penas de prisão – até 25 anos no caso das acusações de posse ilegal de arma, e até 17 anos por sonegação fiscal. Hunter havia se declarado culpado de ambas as acusações em junho deste ano, após meses de investigações e discussões sobre seu envolvimento com o uso de substâncias ilícitas e falhas em declarações fiscais.

A decisão de Biden representa uma reviravolta significativa, considerando que, no passado, o presidente havia afirmado publicamente que não usaria seu poder para perdoar ou amenizar a situação de familiares. Em diversas ocasiões, Biden reafirmou que respeitaria a independência do sistema judiciário e não interferiria no caso de seu filho, mesmo diante da pressão política.

“Eu respeito a decisão do júri. Não vou perdoá-lo”, disse Biden em declarações anteriores. No entanto, nas últimas semanas, ele mudou de postura, justificando que as acusações contra Hunter foram inflacionadas por opositores políticos, especialmente após as vitórias do Partido Republicano nas eleições de 2024.

Política e Família

A decisão ocorre em um momento politicamente delicado, com a eleição de Donald Trump marcada para o final do ano e investigações em andamento que envolvem a família Biden. Trump, que já atacou repetidamente Hunter Biden por seus problemas legais e pessoais, não poderá reverter o perdão concedido por Joe Biden.

Hunter Biden, que se envolveu em polêmicas sobre o uso de drogas e questões fiscais durante os últimos anos, agradeceu a decisão de seu pai em um comunicado. “Nunca subestimarei o alívio que me foi concedido”, disse Hunter, prometendo dedicar sua vida a ajudar pessoas que enfrentam desafios semelhantes aos que ele viveu, especialmente no combate ao vício. “Assumi a responsabilidade por meus erros e, mesmo sendo exposto ao público, sempre busquei o perdão e a reconstrução”, acrescentou.

Hunter também declarou que parte de sua decisão de se declarar culpado nos casos de armas e impostos foi para proteger sua família de mais dor e constrangimento público. Ele foi acusado de mentir em formulários de compra de armas e de não pagar cerca de US$ 1,4 milhão em impostos, o que gerou grande repercussão na mídia e alimentou ataques de seus opositores.

Histórico de Perdões Presidenciais

Embora a concessão de perdões presidenciais não seja inédita, a decisão de Joe Biden de beneficiar um membro da própria família tem gerado discussões. O New York Times lembrou que tanto o ex-presidente Bill Clinton quanto o ex-presidente Donald Trump já haviam concedido perdões a familiares próximos – Clinton perdoou seu irmão Roger Clinton por um caso de cocaína, e Trump perdoou seu genro Jared Kushner, cujos pais enfrentavam acusações de crimes financeiros.

A decisão de Biden reflete um momento único em sua presidência, especialmente com as investigações em andamento e a proximidade das eleições de 2024, nas quais ele concorrerá à reeleição contra Donald Trump. A medida também serve para aliviar a pressão sobre Hunter Biden, que tem sido uma figura central nos ataques republicanos, especialmente no contexto das alegações envolvendo negócios internacionais e seu histórico pessoal.

Com o perdão, Hunter Biden evita o risco de uma sentença que poderia marcar ainda mais sua vida e sua relação com seu pai, o presidente dos EUA. A decisão também levanta questões sobre os limites do poder presidencial, especialmente em casos envolvendo familiares próximos.

O presidente Biden, por sua vez, afirmou que espera que os americanos compreendam a difícil escolha que fez. “Como pai e presidente, fiz o que acredito ser o certo”, concluiu, em meio a uma reflexão pessoal e política sobre a complexidade do caso.