Brasil Aumenta Exportações para os Brics e Supera EUA e UE Juntas, Indicam Especialistas

O Brasil exporta mais para os países do Brics do que para os Estados Unidos e a União Europeia somados, uma tendência que, segundo especialistas, deve se intensificar nos próximos anos. Desde 2018, a balança comercial brasileira com o bloco emergente apresenta resultados favoráveis, enquanto o comércio com EUA e UE tem mostrado saldo negativo.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) revelam que as exportações brasileiras para os membros do Brics, que incluem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, totalizaram US$ 123 bilhões em 2023, superando os US$ 83,2 bilhões exportados para EUA e UE juntos. Em comparação, entre janeiro e setembro deste ano, as exportações para os Brics cresceram 6,5%, enquanto para os parceiros ocidentais o aumento foi de 5,8%.

A China desempenha um papel crucial neste cenário, sendo responsável por 84,5% das exportações brasileiras para o Brics. Desde que superou os EUA como principal parceiro comercial do Brasil em 2009, as vendas para a China cresceram impressionantes 396%. O aumento da demanda chinesa por commodities, como soja e minério de ferro, tem impulsionado esse crescimento, posicionando o Brasil como um fornecedor chave.

“Os parceiros do Brics vêm promovendo mecanismos de facilitação de comércio para ampliar os intercâmbios comerciais e de investimentos”, afirma Silvana Schimanski, professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O bloco, além de contar com fóruns comerciais, possui o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), sob a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que visa apoiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável entre os países membros.

A crescente cooperação entre os países do Brics é vista como um motor para o comércio. Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), destaca que foram mapeadas mais de 1.800 oportunidades comerciais nos países do bloco. “Com os novos membros, teremos ainda maior potencial”, afirma.

Entretanto, a balança comercial com EUA e UE continua a ser relevante. A professora Schimanski ressalta que, embora a relação comercial com os Brics tenha crescido, os maiores valores das importações brasileiras ainda vêm dessas economias. “É incorreto afirmar que países como Rússia e Índia superem a importância comercial dos parceiros tradicionais, mas sua contribuição é crescente”, complementa.

As relações comerciais, contudo, não estão isentas de desafios. Fatores geopolíticos, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio, têm impactado as trocas com EUA e UE, levando a um recuo nas transações entre 2022 e 2023. Apesar disso, a secretaria Tatiana Prazeres acredita que a recuperação da indústria brasileira poderá ajudar a impulsionar as exportações para o Ocidente.

O cenário atual revela uma mudança significativa na dinâmica comercial do Brasil, com um fortalecimento das relações com os mercados emergentes e um gradual reposicionamento nas relações com as potências ocidentais.

Relacionadas

Últimas notícias