O governo brasileiro, as Nações Unidas (ONU) e a Unesco assinaram, nesta terça-feira (19), um acordo internacional para combater a desinformação sobre as mudanças climáticas, uma iniciativa que visa fortalecer a pesquisa e implementar medidas eficazes contra as fake news que dificultam o enfrentamento das questões ambientais globais. O anúncio foi feito durante a reunião do G20, que ocorre no Rio de Janeiro, e foi apresentado como um passo importante para a integridade da informação no debate climático global.
A parceria resultou na criação da Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima, uma ação coordenada entre diferentes governos e organizações internacionais para garantir que informações científicas e dados sobre o clima sejam divulgados de forma precisa e acessível ao público, além de combater narrativas falsas que têm se espalhado nas redes sociais e na mídia.
Combate à Desinformação Climática: Uma Prioridade Global
Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, destacou a importância do jornalismo e da informação confiável para a luta contra as mudanças climáticas. “O papel dos jornalistas é fundamental no acesso a informações confiáveis e nos ajuda a entender informações científicas complexas. A desinformação sobre o clima não só prejudica a compreensão pública dos problemas, mas também atrasa a adoção de medidas urgentes para enfrentar essa crise global”, afirmou.
Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência do Brasil, reforçou a relevância da iniciativa, ressaltando que a desinformação é um problema crescente nos fóruns internacionais e que agora também é necessário integrar à discussão o impacto da inteligência artificial na disseminação de notícias falsas. “Temos aqui uma iniciativa que é muito relevante para o governo brasileiro. A desinformação é um tema que tem ganhado cada vez mais importância, especialmente quando se trata de questões climáticas urgentes”, declarou.
Expansão da Iniciativa com Apoio Internacional
Além do Brasil, a Iniciativa Global conta com a adesão de vários países. Até o momento, Chile, Dinamarca, França, Marrocos, Reino Unido e Suécia já confirmaram sua participação, e outros países estão sendo convidados a se unir à convenção. O objetivo é criar uma rede de cooperação global para disseminar informações precisas e combater campanhas de desinformação que afetam a percepção pública e retardam ações concretas contra a crise climática.
“Essa parceria é um esforço coletivo para garantir que as ações necessárias para enfrentar as mudanças climáticas sejam baseadas em fatos e em ciência, e não em narrativas falsas que podem prejudicar nosso futuro”, afirmou Melissa Fleming, subsecretária-geral de Comunicações Globais da ONU, durante a coletiva de imprensa.
Relevância do Acordo no Contexto Internacional
O acordo surge em um momento crítico, quando a desinformação sobre as mudanças climáticas tem sido utilizada por grupos que negam a ciência do clima e tentam desacreditar os esforços globais para mitigar os impactos das alterações no meio ambiente. A crise climática, que já afeta várias regiões do planeta, é intensificada pela falta de conscientização pública e pelo engano deliberado, alimentado por fake news.
Philip Howard, presidente do Painel Internacional sobre o Ambiente Informacional, e Camille Grenier, diretora executiva do Fórum sobre Informação e Democracia, também participaram do evento, destacando a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre a importância da informação verídica. “A integridade da informação sobre o clima não é apenas uma questão de precisão científica, mas também de justiça social e econômica”, afirmou Howard.
Desafios e Perspectivas
A Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima busca não só combater a desinformação, mas também promover o acesso à informação científica de forma inclusiva e acessível. Com o apoio de múltiplos países e organizações, a iniciativa promete avançar nas pesquisas sobre como as fake news impactam a opinião pública e as políticas climáticas, além de promover iniciativas de educação e conscientização.
Com a adesão de países como o Brasil, Chile, Reino Unido e outros, espera-se que a iniciativa ganhe força nas próximas semanas, estabelecendo uma agenda global de combate à desinformação e à promoção da integridade da informação para enfrentar os desafios climáticos de maneira eficaz. O esforço conjunto das nações será fundamental para garantir que os dados científicos sobre o clima sejam tratados com seriedade e que as políticas públicas sejam baseadas em evidências sólidas, fundamentais para a proteção do planeta.