Brasil sinaliza veto ao ingresso da Venezuela no BRICS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que o Brasil se posicionará contra o ingresso da Venezuela no BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A decisão teria sido informada por Lula a sua equipe de articulação internacional, liderada pelo chanceler Mauro Vieira, mesmo com a ausência do presidente brasileiro nas discussões presenciais em Kazan, Rússia. Lula, que sofreu uma queda em sua residência oficial em Brasília, não poderá participar do encontro presencialmente, mas fará intervenções de maneira remota.

A Venezuela, sob o governo de Nicolás Maduro, descumpriu acordos internacionais que prometiam a realização de eleições livres e auditáveis, um fator que tem pesado na decisão brasileira. Esses acordos, dos quais o Brasil foi fiador, previam uma série de compromissos democráticos que não foram cumpridos por Maduro, o que resultou em críticas à sua administração tanto por Lula quanto por seu governo. Desde que o presidente brasileiro se recusou a reconhecer a “vitória” autoproclamada de Maduro nas últimas eleições, a relação entre os dois líderes tem se deteriorado.

Atualmente, a situação eleitoral venezuelana permanece obscura. Não é possível determinar com clareza quantos votos Maduro obteve, quais foram as regiões que apoiaram cada candidato, ou sequer o total de apoio da oposição liderada por Henrique González. A Suprema Corte da Venezuela decretou sigilo sobre as atas eleitorais, nunca divulgadas, rompendo com a tradição chavista de publicidade dos resultados. Em meio a esse cenário, González, o principal candidato opositor, refugiou-se na Espanha.

A decisão brasileira de vetar a entrada da Venezuela no BRICS deve acirrar ainda mais o distanciamento entre Lula e Maduro. A relação, segundo fontes do Planalto, já estava “na geladeira há tempos”, e o possível veto representa mais um capítulo nessa separação.

Além da Venezuela, cerca de 30 outros países já manifestaram interesse em integrar o bloco, que busca se consolidar como uma alternativa global ao poderio ocidental. A posição do Brasil será crucial para os futuros desdobramentos do grupo e a possível expansão de seus membros.

Relacionadas

Últimas notícias