Amany Cheaito, uma brasileira de 30 anos, tem vivido momentos de angústia no Líbano, onde mora há nove anos com o marido e cinco filhos. Desde que os conflitos entre Israel e o Hezbollah se intensificaram, Amany e sua família já passaram por três cidades diferentes em busca de segurança. “Estou tentando manter meus filhos a salvo”, conta ela.

Nascida em Juquiá, no Vale do Ribeira, Amany experimentou sua primeira mudança internacional ainda na infância, aos cinco anos, quando foi viver na Venezuela. Em 2015, a vida a levou ao Líbano, onde estabeleceu sua residência em Deir Antar, uma pequena cidade no sul do país. Contudo, com o início dos ataques em 2023, sua família teve que se deslocar para Beirute, em busca de proteção.

Os bombardeios, no entanto, alcançaram a capital, surpreendendo Amany e outros moradores. “Ninguém esperava que atacariam Beirute”, relata. Após novas explosões provocadas por equipamentos do Hezbollah, a família decidiu se mudar mais uma vez, desta vez para o norte do país, uma região predominantemente cristã e menos afetada pelos ataques.

Amany descreve o atual cenário do Líbano como desolador. “Este país, que já foi um lugar cheio de história e cultura, agora é um cenário de sofrimento e desespero.” Ela ainda menciona a dificuldade de proteger seus filhos, que desde o ano passado estão sem frequentar a escola e vivem com medo. “Só de ouvir um avião passando, o medo aparece”, confessa.

Com a escalada da violência, Amany inscreveu sua família no programa de repatriação organizado pela Força Aérea Brasileira (FAB), que visa resgatar cidadãos brasileiros do Líbano. Ela espera poder voltar em breve ao Brasil, onde nasceu, na esperança de garantir um futuro seguro para seus filhos.

O Conflito em Contexto

O Líbano tem sido palco de intensos confrontos entre o grupo extremista Hezbollah e Israel. O Hezbollah, que possui um braço armado com forte influência no Líbano, tem recebido apoio do Irã e atuado em solidariedade ao Hamas no conflito com Israel. Nos últimos meses, as tensões aumentaram, especialmente após a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque israelense.

A situação no Líbano se agravou desde setembro de 2023, com explosões de equipamentos utilizados pelo Hezbollah e bombardeios israelenses que têm atingido áreas civis. Em meio ao caos, várias nações, incluindo o Brasil, estão mobilizando esforços para retirar seus cidadãos do país.