Medida entra em vigor após fim do prazo dado por Trump para que Pequim desistisse de retaliação comercial
Washington, 8 de abril de 2025 – A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou nesta terça-feira (8), em entrevista à Fox Business, que os Estados Unidos começarão a cobrar tarifas de 104% sobre produtos importados da China a partir desta quarta-feira (9). A medida é uma resposta direta à retaliação chinesa anunciada na última sexta-feira (4) e marca uma nova escalada na já tensa guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Segundo Leavitt, o aumento das tarifas foi autorizado pelo presidente americano Donald Trump após a China não recuar dentro do prazo estipulado pela Casa Branca, que se encerrava às 13h desta terça. Em sua rede social, Trump afirmou que esperava uma ligação de autoridades chinesas para discutir a questão, mas o contato não aconteceu.
Durante a madrugada, o governo chinês anunciou que não abriria mão das tarifas retaliatórias e reiterou que está preparado para continuar respondendo às ações dos EUA. “Em uma guerra comercial, não há vencedores”, declarou um porta-voz do Ministério do Comércio da China, enfatizando que o país seguirá firme em sua posição.
Como a tarifa de 104% foi construída
A nova alíquota é resultado de uma série de aumentos graduais. Em fevereiro, os EUA impuseram uma taxa adicional de 10% sobre importações chinesas, somando-se aos 10% já existentes e elevando a tarifa total para 20%. No último dia 2 de abril, Trump anunciou a imposição de mais 34%, elevando a taxa para 54%. Após a retaliação de Pequim, que também aplicou 34% de tarifas sobre produtos americanos, Trump ameaçou uma resposta ainda mais dura, efetivando agora mais 50% em taxas, que levam o total a 104%.
Impacto nos mercados globais
A escalada tarifária tem causado forte volatilidade nos mercados financeiros globais. O temor de uma guerra comercial prolongada tem afastado investidores de ativos de risco e pressionado bolsas de valores ao redor do mundo.
Nesta terça, os mercados asiáticos e europeus fecharam em alta, ainda impulsionados pela expectativa de negociação entre os EUA e outras nações afetadas. A Casa Branca afirmou que cerca de 70 países já procuraram Washington para discutir exceções ou ajustes nas tarifas impostas.
Nos Estados Unidos, Wall Street abriu o dia em forte alta, mas os ganhos foram reduzidos com a confirmação da tarifa de 104%. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da B3, chegou a operar em alta pela manhã, mas inverteu o sinal após o anúncio e passou a cair. O dólar voltou a superar a marca de R$ 6 por volta das 14h.
Especialistas alertam para o risco de um efeito cascata no comércio global caso novas rodadas de tarifas sejam implementadas. Analistas avaliam que o cenário atual pode pressionar cadeias de suprimento e elevar custos para empresas e consumidores em diversos países.