O casal colombiano Gladys e Nelson Gonzalez, com 55 e 60 anos respectivamente, foi deportado dos Estados Unidos na semana passada, após viverem ilegalmente no país por mais de 35 anos. Os dois haviam chegado aos Estados Unidos em 1989, fugindo da violência extrema em Bogotá, no auge do tráfico de drogas e da guerra civil na Colômbia. Eles foram detidos durante uma visita rotineira ao Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em 21 de fevereiro e, após três semanas sob custódia federal, foram enviados de volta à Colômbia.
O ICE informou que o casal chegou ao país sem autorização, buscando asilo em 1989, e que, embora tivessem a possibilidade de solicitar proteção, uma decisão do tribunal de imigração em 2000 determinou que não havia base legal para sua permanência nos Estados Unidos. Desde então, o casal lutou para regularizar sua situação, mas enfrentou dificuldades com a assistência jurídica. De acordo com a advogada Monica Crooms, que assumiu o caso em 2018, Gladys e Nelson foram vítimas de fraudes migratórias, contratando advogados que não eram qualificados, o que complicou ainda mais sua situação ao longo dos anos.
A filha do casal, Stephanie Gonzalez, criticou o tratamento de seus pais, destacando que, apesar de terem construído uma vida nos Estados Unidos — criando três filhas, contribuindo para a comunidade e até mesmo recebendo seu primeiro neto —, eles foram tratados como criminosos. Ela afirmou que seus pais fugiram da Colômbia por motivos de segurança e, ao longo dos anos, tentaram legalizar sua situação. No entanto, devido a erros e fraudes cometidas por advogados, eles nunca conseguiram alcançar a cidadania.
Stephanie e suas irmãs, todas nascidas na Califórnia, recorreram repetidamente à Justiça, mas após mais de duas décadas de tentativas frustradas, o casal foi finalmente detido. De acordo com o ICE, todos os recursos legais para evitar a deportação foram esgotados, o que levou à emissão da ordem de remoção, que foi cumprida com a deportação dos Gonzalez.
A advogada de imigração Mônica Crooms afirmou que o governo dos EUA falhou em proporcionar aos Gonzalez uma saída digna, tendo sido transferidos entre centros de detenção na Califórnia, Arizona e Louisiana, sem saberem quando seriam libertados. O processo de deportação foi atrasado devido a um erro administrativo, quando o Departamento de Segurança Interna perdeu os passaportes do casal, o que exigiu a emissão de novos documentos pelo governo colombiano.
Apesar da situação, a família ainda mantém a esperança de que Gladys e Nelson possam retornar aos Estados Unidos no futuro, mas a lei de imigração de 1996 impõe uma proibição de 10 anos para qualquer pessoa que tenha permanecido ilegalmente no país por mais de um ano sem cumprir uma ordem de saída voluntária.
Stephanie e suas irmãs conseguiram arrecadar US$ 65 mil para ajudar seus pais a reconstruírem suas vidas na Colômbia, mas também têm a intenção de contratar os melhores advogados para, quem sabe, garantir o retorno do casal aos Estados Unidos no futuro. No entanto, devido à legislação atual, a advogada Crooms acredita que o retorno deles só seria possível com uma mudança significativa na lei de imigração.
A situação do casal Gonzalez reflete uma realidade mais ampla de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos, cujas histórias são marcadas por dificuldades, erros legais e a dura repressão às violações das leis de imigração, especialmente durante a administração de Donald Trump. A família e a advogada de Gladys e Nelson enfatizam os impactos devastadores dessas políticas sobre as famílias americanas e os imigrantes que vivem legalmente no país.
— Esperamos que o governo perceba o impacto devastador que isso terá em tantas famílias americanas — disse Stephanie.