Pequim respondeu com veemência às novas tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump, afirmando que está preparada para enfrentar os Estados Unidos em qualquer tipo de conflito. A declaração ocorre no momento em que a China aumenta seus gastos com defesa em 7,2%.
Na quarta-feira (5), a Embaixada da China em Washington publicou um comunicado no X (antigo Twitter), reafirmando que o país está pronto para resistir à escalada de tensões comerciais promovida pelos EUA. “Se é guerra o que os EUA querem, seja uma guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, estamos prontos para lutar até o fim”, declarou o governo chinês.
A afirmação veio após a decisão do governo Trump de impor novas tarifas sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Em resposta, Pequim anunciou medidas retaliatórias, aplicando tarifas de 10% a 15% sobre produtos agrícolas americanos.
Aumento dos gastos militares e o posicionamento da China
O governo chinês anunciou um novo aumento no orçamento de defesa, elevando os gastos militares para 7,2% em 2024. O primeiro-ministro Li Qiang afirmou que “mudanças nunca vistas em um século estão se desenrolando pelo mundo a um ritmo mais rápido” e destacou a necessidade de manter a estabilidade e a soberania do país.
Embora esse aumento já fosse esperado e mantenha o percentual do ano anterior, ele reforça a posição da China diante das tensões globais, especialmente com os Estados Unidos. O país asiático busca consolidar sua imagem como uma potência estável e pacífica, contrastando com os EUA, que são acusados por Pequim de promover conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.
Impactos nas relações internacionais
A retaliação chinesa e o aumento na retórica agressiva ocorrem enquanto Pequim avalia os impactos das decisões de Trump sobre aliados tradicionais dos EUA, como Canadá e México, que também foram atingidos por tarifas. A China pretende aproveitar o desgaste americano para fortalecer sua posição no comércio global e atrair novos parceiros.
A postagem da embaixada chinesa em Washington também abordou a polêmica questão do fentanil, uma droga sintética que tem sido uma preocupação central nos EUA. O governo chinês rejeitou as acusações americanas de que Pequim facilita a entrada da substância nos Estados Unidos e classificou a alegação como “uma desculpa frágil para aumentar as tarifas”.
Escalada das tensões entre China e EUA
O relacionamento entre os dois países tem sido marcado por confrontos econômicos e geopolíticos nos últimos anos. A publicação chinesa foi amplamente compartilhada e reforçou o discurso da administração Trump de que Pequim representa uma ameaça econômica e de segurança para Washington.
Líderes chineses inicialmente esperavam uma relação mais amigável com os EUA após a posse de Trump, com o presidente americano elogiando Xi Jinping e relatando “uma ótima ligação telefônica” antes de assumir o cargo. No entanto, as expectativas de um diálogo produtivo foram frustradas, e uma nova ligação entre os líderes, prevista para fevereiro, acabou não acontecendo.
Cenário econômico e militar da China
Internamente, a China enfrenta desafios como uma crise imobiliária, baixo consumo e taxas de desemprego crescentes. Para estimular sua economia, o governo prometeu injetar bilhões de dólares em investimentos.
Apesar de ter o segundo maior orçamento militar do mundo, estimado em US$ 245 bilhões, o investimento da China ainda é menor do que o dos EUA. Pequim destina 1,6% de seu PIB para a defesa, um percentual inferior ao dos Estados Unidos e da Rússia, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. No entanto, analistas acreditam que os números oficiais chineses subestimam os gastos reais com defesa.
À medida que a guerra comercial se intensifica, o mundo observa atentamente os próximos passos das duas maiores economias globais, que podem definir os rumos da geopolítica internacional nos próximos anos.