O governo da China negou oficialmente, nesta quinta-feira (24), que existam negociações comerciais em andamento com os Estados Unidos, contrariando recentes declarações do presidente Donald Trump e de representantes da Casa Branca, que sinalizaram otimismo com a possibilidade de um novo acordo entre os dois países.
A negativa foi feita pelo porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yadong, durante uma coletiva de imprensa em Pequim. “Gostaria de destacar que atualmente não há negociações econômicas nem comerciais entre a China e os EUA”, afirmou o porta-voz, acrescentando que qualquer informação sobre o avanço de negociações “carece de fundamento e base factual”.
A declaração ocorre após Trump afirmar, na quarta-feira (23), que “tudo está ativo” quando questionado sobre possíveis conversas com o governo chinês. Em entrevista recente, o presidente também sugeriu que um eventual acordo poderia “reduzir substancialmente” as tarifas impostas pelos Estados Unidos, embora tenha deixado claro que elas “não serão zeradas”.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, reiterou o posicionamento do governo ao afirmar, em entrevista à Fox News, que a China “precisa fazer um acordo com os EUA” e que o governo americano está otimista quanto a essa possibilidade. Leavitt destacou ainda que não haverá redução unilateral das tarifas atualmente em vigor, mas que os Estados Unidos esperam ver uma diminuição tanto nas tarifas monetárias quanto nas não monetárias por parte da China.
A tensão entre as duas potências econômicas aumentou nas últimas semanas, com a intensificação da guerra tarifária. Atualmente, produtos chineses importados pelos Estados Unidos enfrentam tarifas que podem chegar a 245%, enquanto a China aplicou tarifas de até 125% sobre mercadorias americanas. Segundo Trump, essas medidas são uma retaliação a práticas comerciais consideradas desleais por parte de Pequim.
Dados divulgados anteriormente indicam que a disputa escalou rapidamente. Em abril, Trump anunciou tarifas entre 10% e 50% sobre importações de mais de 180 países, incluindo uma taxa específica de 34% para a China, além de outras já existentes. Em resposta, o governo chinês impôs tarifas equivalentes sobre produtos americanos. Após novas ameaças de retaliação dos EUA, os dois lados aumentaram suas respectivas tarifas de forma significativa.
Apesar das declarações públicas de Trump sinalizando disposição para negociar, a posição oficial do governo chinês continua sendo de resistência, condicionando qualquer retomada do diálogo a uma mudança na postura dos Estados Unidos. “A China pede que os EUA corrijam suas práticas equivocadas e retornem ao caminho do diálogo e consulta em condições de igualdade”, declarou He Yadong.
A ausência de negociações concretas mantém a instabilidade nos mercados internacionais e amplia as incertezas em torno do comércio global. Até o momento, não há previsão para um novo encontro entre representantes dos dois governos.