A China endureceu o tom contra os Estados Unidos nesta sexta-feira (11), ao afirmar que “jamais” irá ceder às pressões impostas pelo governo americano, em meio à crescente guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo. Em resposta direta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre produtos chineses para 145%, o governo chinês elevou seus próprios impostos sobre importações americanas para 125%.
Em pronunciamento divulgado pela rede social X, o Ministério das Relações Exteriores da China criticou duramente a postura de Washington, pedindo o fim de atitudes “imprevisíveis e destrutivas”. “Se os Estados Unidos realmente querem diálogo, devem parar com suas atitudes imprevisíveis e destrutivas”, afirmou o ministério. “Pelo bem do povo chinês e dos povos do mundo, e em nome da justiça e da equidade na ordem global, a China jamais se curvará à pressão dos Estados Unidos”, completou.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, também se manifestou sobre o impasse econômico. Durante visita oficial à Espanha ao lado do presidente Xi Jinping, Li classificou as tarifas impostas pelos EUA como um grave ataque à ordem econômica internacional. “A imposição das chamadas tarifas recíprocas pelos EUA prejudicou seriamente a ordem econômica e comercial internacional, e causou grandes impactos negativos”, declarou.
Em paralelo, o Ministério das Finanças da China, por meio de sua Comissão Tarifária, anunciou que ignorará qualquer nova elevação de tarifas imposta por Washington. Além disso, a missão chinesa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) apresentou nesta sexta uma nova queixa formal contra os Estados Unidos, argumentando que as tarifas violam os princípios da entidade.
Durante o encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, Xi Jinping convocou países da União Europeia a resistirem ao unilateralismo e à intimidação econômica liderada pelos EUA. “Devemos manter a tendência de globalização econômica e o ambiente do comércio internacional, e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à intimidação”, afirmou Xi. Os dois líderes aproveitaram a reunião para assinar acordos de cooperação entre China e Espanha nas áreas de ciência, tecnologia, educação e cinema.
A guerra tarifária atual teve seu mais recente capítulo iniciado na semana passada, quando Trump anunciou uma nova tabela de tarifas que variam de 10% a 50%, afetando produtos de mais de 180 países — com destaque para a China, que sofreu uma das maiores tarifas individuais, de 34%, somadas aos 20% anteriores. A retaliação chinesa veio em seguida, com novas taxas de 34% sobre produtos americanos, posteriormente elevadas para 125% após o anúncio das medidas americanas mais recentes.
A tensão crescente preocupa líderes e mercados globais, que observam com cautela o impacto da disputa na estabilidade do comércio internacional. Até o momento, não há sinais de recuo de nenhum dos lados.