Cidade de Springfield, Ohio, enfrenta onda de ameaças após fake news propagada por Donald Trump

A cidade de Springfield, no estado de Ohio, está vivendo uma crise após a disseminação de uma fake news que levou a uma onda de ameaças de bomba. Nos últimos dias, as autoridades receberam 33 ameaças, forçando o fechamento de escolas, faculdades e hospitais, e gerando um ambiente de medo e tensão entre a população.

A origem das ameaças

As ameaças começaram após uma declaração do ex-presidente Donald Trump durante um debate no dia 10 de setembro. Trump afirmou, sem provas, que imigrantes haitianos estariam comendo cães e gatos dos moradores da cidade. Embora a afirmação tenha sido imediatamente desmentida pelo mediador do debate, e posteriormente pelo prefeito de Springfield, Rob Rue, a disseminação da mentira nas redes sociais intensificou a situação.

Uma moradora, que foi a primeira a publicar o boato em uma rede social, já reconheceu que errou ao compartilhar informações falsas. No entanto, a declaração de Trump deu continuidade ao rumor, o que amplificou o pânico e levou às ameaças. Mesmo com os desmentidos oficiais, Trump manteve suas acusações contra os imigrantes.

A reação da comunidade e das autoridades

Em resposta às ameaças, a polícia reforçou a segurança em todas as escolas da cidade na manhã desta terça-feira (17), garantindo a presença de oficiais nos locais à medida que os alunos chegavam. A medida foi uma tentativa de assegurar a segurança da população, que está em estado de alerta. Springfield, uma cidade de 58 mil habitantes, viu suas atividades cotidianas serem interrompidas por causa do medo gerado pelas falsas acusações.

O prefeito Rob Rue reiterou que não há nenhuma evidência que corrobore as alegações de Trump e lamentou que boatos infundados tenham levado a uma situação tão grave. A comunidade haitiana de Springfield, que representa uma parte significativa da população, se sente ameaçada e vulnerável. Uma pastora local, que trabalha com imigrantes haitianos, declarou: “Somos boas pessoas”, em defesa da comunidade, que vem sofrendo com o aumento da hostilidade.

A exploração política da tragédia

Além das falsas acusações sobre imigrantes haitianos, a campanha de Trump divulgou que um menino de 11 anos teria sido morto por um imigrante haitiano enquanto ia para a escola. No entanto, a tragédia a que Trump se referia foi um acidente de trânsito ocorrido em agosto de 2023, em que um haitiano colidiu com um ônibus escolar. O pai da criança, que morreu no acidente, lamentou profundamente que a morte de seu filho esteja sendo usada para incitar o ódio e pediu que Trump e seu vice na chapa republicana, J. D. Vance, parem de explorar o caso para fins políticos.

A imigração é um tema central na campanha eleitoral americana, e muitos haitianos têm fugido da violência no Haiti, buscando refúgio nos Estados Unidos, onde o governo lhes permite permanecer de forma regular. Springfield, que já teve uma população de 80 mil habitantes na década de 1970, agora conta com 58 mil residentes, incluindo mais de 15 mil haitianos. O governador de Ohio, Mike DeWine, do Partido Republicano, destacou que muitos negócios na cidade só conseguiram reabrir após a pandemia graças ao trabalho dos imigrantes haitianos.

A reação de Joe Biden

O presidente Joe Biden também se pronunciou sobre o incidente, criticando as declarações de Trump e afirmando que estão colocando uma comunidade inteira em risco. Biden declarou: “Não há lugar na América para isso. O que ele está fazendo tem que parar”. A fala do presidente refletiu a preocupação crescente com o uso de desinformação para alimentar o ódio e o preconceito, prejudicando não apenas os imigrantes, mas também a coesão social em Springfield e em outras comunidades.

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