O condado de Door, em Wisconsin, com cerca de 30 mil habitantes, tornou-se um inesperado termômetro eleitoral nos Estados Unidos. Desde 1996, esse pequeno condado, localizado entre o Lago Michigan e a Baía de Green Bay, acertou os resultados de todas as eleições presidenciais, votando no candidato que acabou eleito. Essa precisão fez de Door um símbolo quase supersticioso e um foco de atenção para a disputa de 2024, que tem Kamala Harris e Donald Trump como principais concorrentes.
Em Door, as disputas são sempre acirradas: em 2020, Joe Biden venceu Trump por menos de 300 votos; em 2016, Trump levou vantagem sobre Hillary Clinton por cerca de 500 votos; e nas eleições de 2008 e 2012, Barack Obama derrotou John McCain e Mitt Romney por margens de 3 mil e 700 votos, respectivamente. O republicano George W. Bush também venceu duas vezes em Door, superando Al Gore e John Kerry, com 1.200 e 600 votos de diferença. Desde a vitória de Bill Clinton sobre Bob Dole em 1996, o condado vem mantendo sua fama de “condado mais indeciso” dos EUA, oscilando entre democratas e republicanos e sem uma preferência clara.
Eleitores divididos e temáticas centrais
A polarização entre eleitores em Door aumentou este ano, com os dois partidos intensificando esforços locais, segundo o The New York Times. “Nunca vi tanto entusiasmo”, afirmou a democrata Kris Sadur, enquanto a republicana Stephanie Soucek complementou: “Tudo está mais intenso”. Os residentes de Door, em sua maioria brancos, estão atentos a temas que incluem imigração e direitos ao aborto. As promessas de Trump para uma deportação em massa atraem os eleitores conservadores, enquanto a proposta de Kamala Harris para uma legislação nacional sobre o aborto ressoa com os liberais do condado.
O papel decisivo de Wisconsin
As eleições nos EUA são definidas pelo Colégio Eleitoral, no qual cada estado possui um número específico de delegados. Wisconsin, com seus 10 delegados, é um dos estados decisivos. Embora Kamala Harris esteja numericamente à frente de Trump nas pesquisas do estado, os candidatos permanecem tecnicamente empatados dentro da margem de erro.
A “mística” de Door como termômetro eleitoral pode novamente entrar em jogo. Charles Franklin, diretor de uma pesquisa local considerada uma das mais confiáveis, afirmou ao programa 60 Minutes, da CBS, que Harris está atualmente quatro pontos à frente no condado. Franklin, contudo, alerta que pesquisas anteriores subestimaram o apoio a Trump em 2016 e 2020, o que indica um cenário ainda imprevisível.
Com as eleições à porta e a atenção do país voltada para esse pequeno condado de Wisconsin, muitos acreditam que o resultado em Door pode novamente antecipar o desfecho de mais uma eleição presidencial nos Estados Unidos.