Congresso dos EUA Rejeita Proposta de Trump para Evitar “Shutdown” e Deixa Governo à Beira de Paralisação

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos rejeitou, nesta quinta-feira (19), uma proposta orçamentária apresentada pelos republicanos com o objetivo de evitar uma paralisação parcial do governo federal, que pode entrar em vigor à meia-noite de sexta-feira, 20 de dezembro. A proposta foi uma tentativa de última hora de evitar um “shutdown” e garantir a continuidade do financiamento de várias áreas do governo, como a fiscalização das fronteiras, parques nacionais e o pagamento de salários para mais de 2 milhões de trabalhadores federais.

A votação terminou em 174 votos a favor e 235 votos contra, com a maioria dos republicanos votando a favor da proposta, mas 38 deles se unindo aos democratas para rejeitar o pacote. Entre os críticos mais vocalizados da proposta estavam o ex-presidente Donald Trump e o empresário Elon Musk, que haviam feito duras críticas ao acordo bipartidário que vinha sendo negociado por meses. Para Trump e Musk, o pacote de gastos representava uma concessão excessiva aos democratas.

O Impacto do “Shutdown” Parcial

Sem um acordo antes do prazo final, os Estados Unidos enfrentam a possibilidade de uma paralisação parcial do governo federal, o que afetaria uma série de serviços essenciais. Entre os impactos mais imediatos, destacam-se a interrupção da fiscalização nas fronteiras, a paralisação de alguns parques nacionais, e a suspensão dos contracheques de mais de 2 milhões de funcionários públicos, incluindo trabalhadores da administração federal, da segurança pública e das forças armadas. A Administração de Segurança de Transporte (TSA) já alertou que os viajantes podem enfrentar longas filas nos aeroportos durante a temporada de férias, à medida que os funcionários federais ficam em espera.

O Contexto da Proposta Rejeitada

O pacote de gastos apresentado pelos republicanos em resposta às críticas de Trump e Musk era uma versão revisada de uma proposta anterior que visava estender o financiamento do governo até março de 2025. O projeto também incluía uma proposta de suspensão dos limites da dívida federal por dois anos, o que permitiria a Trump, ao assumir o cargo em janeiro, avançar com cortes de impostos significativos e continuar a expandir a dívida pública, atualmente em US$ 36 trilhões.

Em resposta à oposição de Trump, os republicanos optaram por retirar algumas das disposições que haviam sido incluídas no pacote original, como o aumento salarial para os legisladores e novas regras para a gestão de benefícios farmacêuticos. Porém, mesmo com essas mudanças, a proposta não obteve apoio suficiente no Congresso, o que deixou os legisladores em uma situação difícil à medida que o prazo final se aproxima.

Divisão no Partido Republicano e a Pressão por um Novo Acordo

A votação desta quinta-feira refletiu a crescente divisão dentro do Partido Republicano. Embora muitos republicanos tenham se alinhado ao ex-presidente Trump e tenham apoiado a proposta, outros, incluindo alguns membros do establishment do partido, consideraram o pacote um compromisso inaceitável com os democratas. Esses membros argumentaram que a proposta estava longe de refletir as prioridades do partido e não atendia adequadamente aos interesses republicanos.

Enquanto isso, os democratas, que mantêm uma posição firme contra qualquer acordo que não esteja alinhado com suas próprias prioridades orçamentárias, continuaram a pressionar por mais concessões em questões como o financiamento social e os benefícios para os trabalhadores.

O Futuro do Governo Federal

Com a paralisação do governo agora se tornando uma possibilidade concreta, o foco se volta para os próximos passos que os legisladores irão tomar nas próximas horas. O prazo para um novo acordo é apertado, e uma “shutdown” poderia ter consequências significativas não apenas para os trabalhadores federais, mas também para os serviços essenciais que a população depende, como a segurança nas fronteiras e o funcionamento de órgãos do governo.

O impasse no Congresso também levanta questões sobre a capacidade dos legisladores de chegar a um acordo duradouro sobre o orçamento do governo e a forma como lidarão com o crescente déficit orçamentário e os desafios fiscais no futuro. A situação coloca ainda mais pressão sobre o governo de Joe Biden, que terá que lidar com as consequências de um possível “shutdown” durante a transição de poder para a administração de Trump, marcada para janeiro.

Até lá, o futuro imediato do governo dos Estados Unidos depende de um acordo entre as facções políticas divididas, com o relógio correndo contra o tempo.

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