Conheça Mary Anne MacLeod, a mãe de Donald Trump escocesa que emigrou para os EUA

Nova York, 11 de maio de 1930. Com apenas US$ 50 no bolso (equivalente a cerca de US$ 950 hoje), uma jovem escocesa de 18 anos desembarcou no porto de Nova York, sonhando com uma vida nova e cheia de oportunidades. Seu nome era Mary Anne MacLeod, e décadas mais tarde, ela se tornaria conhecida como a mãe de Donald Trump, o 45º presidente dos Estados Unidos, que recentemente assumiu seu segundo mandato.

A história de Mary Anne MacLeod é um testemunho da coragem e determinação de milhões de imigrantes que buscaram refúgio e prosperidade nos Estados Unidos no início do século XX. Ao contrário da narrativa frequentemente difundida de que ela inicialmente viajou como turista, documentos históricos revelam que MacLeod chegou ao país com a intenção de se estabelecer permanentemente.

A Chegada aos Estados Unidos

Mary Anne MacLeod nasceu em 1912 em Tong, um pequeno vilarejo na Ilha de Lewis, no norte da Escócia. Ela era a mais nova de dez irmãos em uma família humilde. A Escócia da época enfrentava dificuldades econômicas, e muitas pessoas, especialmente mulheres, emigravam em busca de melhores oportunidades. MacLeod seguiu os passos de três de suas irmãs, que já haviam se estabelecido nos Estados Unidos.

Em 2 de maio de 1930, ela embarcou no navio Transilvania no porto de Glasgow, com destino a Nova York. Nove dias depois, desembarcou com um visto de imigrante (#26698), emitido em fevereiro daquele ano, que permitia sua residência permanente nos Estados Unidos. Barry Moreno, historiador do Museu Nacional da Imigração de Ellis Island, confirmou que MacLeod não planejava retornar à Escócia. “Se desde o momento em que chegou, ela se via morando permanentemente nos Estados Unidos, isso se chama imigrar. Não há dúvida disso”, afirmou Moreno.

A Vida em Nova York

Ao chegar, MacLeod foi recebida por sua irmã Catherine, que vivia em Astoria, Queens. Nos documentos de imigração, sua profissão foi registrada como “doméstica”, o que poderia significar que ela trabalhava como empregada doméstica ou em serviços gerais. Apesar das dificuldades iniciais, ela demonstrou resiliência e ambição, características que mais tarde transmitiria a seu filho Donald.

Em 1934, MacLeod fez uma breve viagem de volta à Escócia, mas retornou aos Estados Unidos no mesmo ano, reafirmando Nova York como seu lar permanente. Em 1936, ela se casou com Fred Trump, um bem-sucedido construtor imobiliário e filho de imigrantes alemães. O casal teve cinco filhos, sendo Donald Trump o quarto.

A Ascensão da Família Trump

Mary Anne MacLeod tornou-se cidadã americana em 1942. Embora fosse descrita como uma “dona de casa tradicional”, ela era conhecida por sua inteligência e espírito competitivo. Donald Trump, em seu livro A Arte da Negociação, descreveu sua mãe como fascinada por glamour e pompa, citando seu interesse pela coroação da rainha Elizabeth II.

Além de cuidar da família, MacLeod dedicou-se à filantropia. Após sua morte em 2000, o The New York Times destacou suas contribuições para instituições como o Exército da Salvação e os Boy Scouts of America. Um pavilhão do Jamaica Hospital Medical Center foi nomeado em sua homenagem, um legado notável para uma imigrante que chegou ao país com tão pouco.

Contraste com a Retórica Anti-Imigração

A história de Mary Anne MacLeod contrasta com a retórica anti-imigração frequentemente associada a seu filho, Donald Trump. Durante sua presidência, Trump implementou políticas rigorosas contra a imigração ilegal e até mesmo restrições à imigração legal. Uma de suas primeiras medidas no segundo mandato foi declarar “estado de emergência” na fronteira com o México e limitar o direito à cidadania por nascimento, uma medida polêmica e contestada por especialistas constitucionais.

A trajetória de MacLeod serve como um lembrete de que os Estados Unidos foram construídos por imigrantes que, como ela, buscaram uma vida melhor. Sua história é um testemunho do poder da determinação e da capacidade de transformar desafios em oportunidades.

Legado de uma Imigrante

Mary Anne MacLeod faleceu em 7 de agosto de 2000, aos 88 anos, deixando para trás um legado que vai além de sua ligação com a presidência de seu filho. Ela personifica o sonho americano: uma jovem que chegou ao país com quase nada, mas que, através de trabalho duro e perseverança, construiu uma vida próspera e contribuiu para sua comunidade.

Sua jornada inspira milhões de imigrantes que, ainda hoje, buscam refúgio e oportunidades nos Estados Unidos. Como disse o genealogista Bill Lawson, “Ela pertencia a uma família muito numerosa, com nove irmãos, e na ilha não havia muitas perspectivas para os jovens. O que mais se poderia fazer?”.

Mary Anne MacLeod fez sua escolha: emigrar, arriscar e construir um futuro. E, no processo, ajudou a moldar a história de uma nação.

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