O candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), está envolvido em uma nova polêmica após a divulgação de um laudo médico, supostamente assinado por um renomado médico, que teria revelado o uso de drogas por seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL). No entanto, a autenticidade do documento foi contestada, levantando suspeitas de fraude.

Segundo Iolanda Rodrigues, ex-funcionária de José Roberto de Souza, o médico que supostamente teria assinado o laudo, a assinatura presente no documento é falsificada. “Trabalhei 31 anos com o doutor José Roberto. Aquela assinatura não é dele. Ele sempre falava: ‘Faço a assinatura desse jeito porque nunca ninguém vai conseguir falsificar’”, afirmou Iolanda em entrevista ao Globo.

Para corroborar sua afirmação, a ex-funcionária apresentou um certificado assinado pelo médico em 1996, que revela uma assinatura completamente diferente da que aparece no laudo divulgado por Marçal. Além disso, ela revelou que José Roberto, falecido em 2022, nunca trabalhou na clínica Mais Consultas, que aparece no documento e é de propriedade de Luiz Teixeira da Silva Júnior, amigo próximo de Marçal.

A polêmica tomou proporções ainda maiores após Boulos afirmar publicamente que o laudo era falso e anunciar que tomará medidas legais contra Marçal e o proprietário da clínica. “Vou pedir a prisão de Pablo Marçal e do proprietário da clínica responsável”, disse Boulos em uma transmissão ao vivo no Instagram.

As alegações de Marçal sobre o uso de drogas por Boulos, que já haviam surgido anteriormente durante a campanha, nunca foram comprovadas. A nova acusação é vista por muitos como parte de uma estratégia difamatória contra o candidato do PSOL. A confusão teve início após o nome de Guilherme Boulos ser confundido com o de Guilherme Bardauil Boulos, candidato a vereador pelo Solidariedade, que apoia a campanha de Ricardo Nunes (MDB).

A situação piorou ainda mais quando surgiram informações sobre o histórico de Luiz Teixeira, dono da clínica onde o laudo teria sido emitido. Ele já foi condenado pela 22ª Vara Federal de Porto Alegre, em 2021, por uso de documentos falsos para tentar obter registro profissional de médico, o que reforça as suspeitas sobre a veracidade do documento compartilhado por Marçal.

Antes de ser removido pelo Instagram, a publicação feita por Marçal com o laudo falso alcançou mais de 373 mil curtidas e gerou cerca de 70 mil comentários, amplificando a difamação contra Boulos e aumentando a tensão na corrida eleitoral em São Paulo.

O episódio acrescenta mais uma camada de complexidade à disputa pela prefeitura da capital paulista, em que as estratégias eleitorais polêmicas e as acusações têm sido constantes. Enquanto Marçal tenta se desvencilhar das acusações de fraude, Boulos se mantém firme em sua posição de que o caso será levado à Justiça.