Dólar bate R$ 5,79 com incerteza fiscal no Brasil e PIB dos EUA abaixo do esperado; Ibovespa oscila

O dólar segue operando em alta nesta quarta-feira (30), alcançando R$ 5,79 em meio a preocupações sobre o risco fiscal no Brasil e a divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos. Às 14h, a moeda americana subia 0,32%, sendo cotada a R$ 5,7792, após ter fechado no dia anterior com alta de 0,92% a R$ 5,7610. Este é o maior patamar desde março de 2021.

A alta reflete a cautela do mercado com a situação das contas públicas no Brasil. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda não há previsão para divulgar um novo pacote com medidas de corte de despesas, o que acendeu um alerta sobre o risco fiscal do país. O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, também oscila, recuando 0,02% e marcando 130.710 pontos.

PIB dos EUA e mercado de trabalho influenciam câmbio

Outro fator que vem impactando o câmbio é o crescimento econômico dos EUA, que apresentou leve desaceleração. No terceiro trimestre, o PIB americano registrou alta de 2,8%, abaixo das expectativas de 3,0%. Esse resultado indica um crescimento mais moderado da economia americana, mas os números de emprego continuam fortes.

O relatório ADP, divulgado nesta quarta-feira, revelou a criação de 233 mil novas vagas de trabalho privado em outubro, acima da expectativa de 110 mil, sinalizando um mercado aquecido e aumentando as dúvidas sobre as próximas decisões do Federal Reserve (Fed). O banco central americano recentemente cortou as taxas em 0,5 ponto percentual, mas pode adotar uma política de cortes mais gradativa se o aquecimento econômico continuar.

Ibovespa e dólar refletem tensão fiscal no Brasil

No Brasil, as preocupações com o risco fiscal aumentaram depois que Haddad afirmou que o governo ainda não tem data para apresentar o novo pacote fiscal, o que pressionou o câmbio e a bolsa. A expectativa é que o pacote inclua cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões, visando um ajuste fiscal em torno de 0,5% do PIB, para garantir a sustentabilidade das contas públicas.

Segundo agentes financeiros, a demora na divulgação das medidas impacta negativamente a confiança do mercado, especialmente em um contexto onde o Banco Central do Brasil destaca a necessidade de um “choque fiscal positivo” para permitir uma redução mais intensa nas taxas de juros.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou na segunda-feira que a credibilidade fiscal é essencial para reduzir juros de maneira estrutural. Campos Neto ressaltou que medidas de contenção de despesas públicas são fundamentais para estabilizar o câmbio e controlar a inflação.

Cenário de mercado e expectativas para o pacote fiscal

No fechamento da terça-feira (29), o dólar acumulou alta de 5,77% no mês e 18,72% no ano. O Ibovespa, por outro lado, apresentou perdas mensais de 0,82%, apesar de uma alta semanal de 0,64%. Encerradas as eleições municipais, espera-se que o governo apresente em breve os detalhes do novo pacote fiscal, para aliviar a pressão sobre o mercado e fortalecer a confiança dos investidores.

A equipe econômica tem se reunido com o presidente Lula para discutir o pacote, mas Haddad afirmou que ainda não há uma data definida para o anúncio.

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