O dólar registrou uma alta expressiva nesta quarta-feira (27), chegando a R$ 5,93, próximo da maior cotação histórica, em meio à expectativa pelo pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, marcado para as 20h30. A moeda norte-americana subiu 2,06% às 15h55, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, operava em queda de 1,43%, aos 128.060 pontos.
A máxima histórica do dólar foi de R$ 5,9007, registrada em maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19. Caso a cotação atual se mantenha ou suba, o recorde pode ser superado, refletindo as tensões em torno do cenário fiscal brasileiro.
Expectativa por cortes de gastos e medidas fiscais
O mercado financeiro está atento ao pacote de medidas fiscais que Haddad deve anunciar. Entre as propostas esperadas estão cortes de gastos públicos, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e mudanças que afetam supersalários de servidores públicos e tributações para os “super ricos”.
Essas medidas são vistas como fundamentais para o cumprimento do arcabouço fiscal, que regula os limites de gastos do governo. Nos últimos meses, o governo já bloqueou R$ 19,3 bilhões do orçamento, incluindo R$ 6 bilhões na última semana, como parte do esforço para controlar as contas públicas.
Apesar do esforço inicial, o mercado aguarda detalhes do pacote, que será apresentado ao Congresso em forma de projeto de lei e proposta de emenda constitucional. O tema tem gerado tensões desde o início de novembro, com investidores buscando mais clareza sobre como o governo lidará com os desafios fiscais no médio e longo prazo.
Reações nos mercados
No mercado cambial, o dólar acumula alta de 19,69% no ano, refletindo a crescente cautela dos investidores em relação à economia brasileira. No dia anterior, a moeda teve um leve avanço de 0,04%, encerrando cotada a R$ 5,8080.
Já o Ibovespa, que na terça-feira fechou em alta de 0,69%, aos 129.922 pontos, reverteu o movimento e caiu nesta quarta, influenciado pelas incertezas. No acumulado do ano, o índice apresenta um recuo de 3,18%.
Pronunciamento pode definir rumo do mercado
A mensagem de Fernando Haddad, com duração prevista de 7 minutos e 18 segundos, deve abordar o caminho que o governo pretende seguir para equilibrar as contas públicas e atender às expectativas do arcabouço fiscal. O lema “Brasil Mais Forte. Governo eficiente. País justo.”, divulgado pela Secretaria de Comunicação, sugere uma tentativa de reafirmar o compromisso do governo com a estabilidade econômica e a justiça social.
Enquanto o mercado aguarda o anúncio, o foco permanece nas medidas concretas que o governo apresentará para enfrentar o cenário fiscal delicado. A resposta dos investidores dependerá da percepção de que as medidas serão eficazes para garantir a sustentabilidade econômica e recuperar a confiança no país.