Dólar Fecha em Alta de 1,87%, Cotado a R$ 6,18, e Ibovespa Cai com Avaliação de Pacote Fiscal

O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (23) em forte alta, avançando 1,87% e sendo cotado a R$ 6,1855, impulsionado pelas incertezas em torno do pacote de corte de gastos do governo federal. Na máxima do dia, a moeda norte-americana atingiu R$ 6,2003. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, operava em queda na última hora do pregão, refletindo a desconfiança do mercado quanto à eficácia das medidas fiscais.

Pacote de Corte de Gastos em Foco

O pacote de cortes de gastos do governo, aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada, segue sendo avaliado pelo mercado. Originalmente, o objetivo era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos e R$ 375 bilhões até 2030. Contudo, mudanças feitas pelos parlamentares devem reduzir o impacto para R$ 69,8 bilhões, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.

Apesar das alterações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou as perdas, afirmando que o resultado final permanece “muito interessante” e prometendo novas medidas de redução de despesas para 2025. Contudo, analistas e agentes financeiros consideram o pacote insuficiente para alcançar as metas fiscais de zerar o déficit público em 2024 e 2025, além de controlar o endividamento público no longo prazo.

Mercado Reage com Desconfiança

A percepção negativa foi refletida no comportamento do dólar e do Ibovespa. O aumento na cotação do dólar, que já acumula alta de 27,47% no ano, foi impulsionado por saídas expressivas de recursos do país. O Banco Central, na tentativa de conter a escalada, realizou leilões de US$ 28 bilhões, mas o movimento foi insuficiente para reverter a tendência de valorização da moeda norte-americana.

No caso do Ibovespa, o índice recuou após ganhos na última sexta-feira, acumulando perdas de 2,01% na semana, 2,84% no mês e 9% no ano. Os investidores continuam preocupados com o potencial de deterioração fiscal e a falta de reformas estruturais no pacote de corte de gastos.

Cenário Internacional

No exterior, a valorização do dólar foi reforçada pela postura do Federal Reserve (Fed), que recentemente projetou um ritmo moderado de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos. Isso elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, tornando o dólar mais atraente para investidores globais.

Entre os indicadores econômicos internacionais, destaque para as vendas de casas novas nos EUA, que subiram 5,9% em novembro, e o enfraquecimento inesperado da confiança do consumidor em dezembro. Enquanto isso, novas encomendas de bens de capital manufaturados avançaram 0,4%, sugerindo resiliência na demanda por maquinário.

Próximos Passos e Agenda Econômica

Nos próximos dias, os mercados estarão atentos à divulgação de dados econômicos importantes no Brasil, como a prévia da inflação de dezembro (IPCA-15) e os números de desemprego em novembro, previstos para sexta-feira. Além disso, o boletim Focus desta segunda-feira trouxe ajustes nas projeções de inflação e taxa básica de juros, reforçando as preocupações com o impacto fiscal sobre a economia.

Com o dólar em alta e o Ibovespa em queda, o mercado brasileiro inicia a semana pré-natalina sob o peso de incertezas fiscais e a necessidade de sinais mais claros do governo sobre o compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

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