Dólar opera em queda e bate R$ 5,49, após alívio nos mercados com possível recessão dos EUA; Ibovespa sobe

O dólar opera em queda nesta sexta-feira (9), conforme investidores se tranquilizaram com novos dados econômicos dos Estados Unidos, que diminuíram os temores de uma recessão iminente. Com isso, a moeda caminha para registrar a maior queda semanal em mais de um ano.

As novas divulgações ao longo da semana serviram para reduzir as tensões que se instalaram desde a sexta passada, quando o payroll, principal relatório de emprego norte-americano, veio bem abaixo do esperado, causando temor de que houvesse uma queda brusca na maior economia do mundo.

Na agenda doméstica, o IBGE divulgou os novos resultados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, referente a julho. O indicador subiu 0,38% no mês, acelerando em relação a junho (0,21%) e acima das projeções do mercado financeiro (0,35%).

Além disso, investidores repercutem também o prejuízo de R$ 2,605 bilhões da Petrobras no segundo trimestre. Esse foi o primeiro resultado negativo da estatal desde o terceiro trimestre de 2020, quando reportou prejuízo de R$ 1,5 bilhão.

Dólar

Às 15h36, o dólar operava em queda de 1,15%, cotado a R$ 5,5100. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,4916.

Na véspera, a moeda norte-americana recuou 0,90%, cotada a R$ 5,5741.

Com o resultado, acumulou:

  • Queda de 2,36% na semana;
  • Recuo de 1,41% no mês;
  • Alta de 14,87% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa operava em alta de 1,45%, aos 130.526 pontos.

Na véspera, o índice encerrou em alta de 0,90%, aos 128.661 pontos.

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

  • Alta de 2,23% na semana;
  • Avanço de 0,79% no mês;
  • Perdas de 4,12% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

O principal destaque desta sexta-feira (9) é a divulgação do IPCA, considerado a inflação oficial do país. Segundo o IBGE, o indicador registrou uma alta de 0,38% em julho. O resultado representa uma aceleração em relação ao mês anterior (0,21%) e veio acima do esperado pelo mercado (0,35%).

O maior impacto do mês veio do grupo Transportes, com alta de 1,82% e peso de 0,37 ponto percentual (p.p.) no índice geral. Quem mais influenciou foi a gasolina, que teve alta de 3,15% no mês e impacto de 0,16 p.p. A passagem aérea subiu 19,39% em julho, com peso de 0,11 p.p. no IPCA cheio.

Com isso, o país tem uma inflação acumulada de 4,50% em 12 meses, atingindo o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No acumulado do ano, a alta é de 2,87%.

O resultado reforça a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) pode subir a taxa básica de juros (Selic) em breve. Atualmente, os juros do país estão em 10,50% ao ano. Em falas recentes, o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, reforçou que toda a diretoria da instituição está disposta a fazer o que for necessário para atingir a meta de inflação.

Cenário Internacional

No mercado internacional, a busca por ativos de maior risco continuava em recuperação, em meio à redução dos temores sobre uma eventual recessão nos Estados Unidos. Os ânimos do mercado ficaram mais calmos após dados de pedidos de auxílio-desemprego terem vindo melhor do que o esperado na véspera.

Segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego recuaram para 233 mil na semana encerrada em 3 de agosto.

Os temores sobre uma forte desaceleração na maior economia do mundo ganharam força na sexta-feira da semana passada, quando o payroll, um dos principais relatórios de emprego do país, reportou 114 mil vagas não agrícolas criadas em julho, bem abaixo das 175 mil vagas que eram esperadas pelo mercado financeiro.

Em sua última reunião, também na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve os juros norte-americanos inalterados entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas abriu a porta para um eventual corte das taxas em sua próxima reunião, em setembro.

Juros altos encarecem processos de tomada de crédito e financiamento para pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo da população e frear os investimentos das companhias em seu próprio crescimento — o que pode afetar ainda mais o mercado de trabalho.

A crescente preocupação com a maior economia do mundo trouxe um derretimento dos mercados acionários de todo o mundo na última segunda-feira. Nos EUA, os principais índices acionários recuaram cerca de 3%, enquanto Europa, Ásia e Oceania seguiram a mesma tendência. No Japão, a queda foi de 12,40%.

No Japão, as ações despencaram também por conta de uma valorização do iene, a moeda oficial do país. O BC japonês elevou suas taxas de juros pela segunda vez em 17 anos.

A manobra do BC pegou investidores de surpresa. Eles se aproveitavam para pegar dinheiro emprestado a juros baixos no Japão e aplicar em outros países com taxas mais altas. A diferença de juros entre um país e outro dá um lucro garantido para a operação, chamada de “carry trade”.

Quando os juros subiram, a vantagem do “carry trade” diminui, e os investidores passaram a vender suas aplicações ao redor do mundo para quitar a dívida no Japão. Assim, o iene ganhou força contra moedas de outros países e as bolsas derreteram.

Na última quarta-feira, após os movimentos de aversão, o vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida, comentou que as chances de um aumento dos juros no curto prazo são pequenas, acalmando as preocupações dos investidores de que um novo salto da moeda japonesa poderia novamente abalar os mercados globais.

“Como estamos observando uma forte volatilidade nos mercados financeiros nacionais e internacionais, é necessário manter os níveis atuais de afrouxamento monetário por enquanto”, disse Uchida.

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