O dólar voltou a subir e ultrapassou a marca de R$ 6 nesta quinta-feira (12), após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil de elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual, além da atenção voltada para dados econômicos internacionais. O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, também registrou queda, refletindo o clima de cautela nos mercados.
Dólar: Alta após aumento da Selic e expectativas econômicas
Às 14h, o dólar subia 0,75%, cotado a R$ 6,0132, após ter atingido a mínima do dia a R$ 5,8686. No fechamento do pregão anterior, a moeda norte-americana havia recuado 1,30%, cotada a R$ 5,9682. No acumulado da semana, o dólar registra uma queda de 1,70%, mas ainda mantém uma valorização de 22,99% no ano.
A pressão sobre o câmbio vem após a decisão do Copom, que, na véspera, aumentou a Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, marcando a maior alta desde fevereiro de 2022. A decisão surpreendeu o mercado, que esperava uma abordagem mais cautelosa por parte do Banco Central. O comitê também sinalizou que a taxa de juros poderá continuar em trajetória ascendente, com projeções de que a Selic chegue a 14,25% ao ano em 2025, caso a inflação persista em níveis elevados.
Jason Vieira, diretor-geral da MoneYou, destacou que a decisão do Copom sinalizou uma mudança de postura do Banco Central, que “deixou de correr atrás da curva de juros e agora está à frente da curva”. Esse posicionamento gerou reações no mercado, que ajustou suas expectativas para o futuro da política monetária brasileira.
Ibovespa: Queda de 2% no radar de investidores
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, operava em queda de 2,32%, aos 126.585 pontos, à tarde, após ter fechado o pregão anterior com alta de 1,06%, aos 129.593 pontos. A queda reflete o impacto das incertezas internas e externas nos mercados.
Na semana, o Ibovespa acumula um avanço de 2,90%, e no mês, uma alta de 3,12%. No entanto, o índice ainda registra um recuo de 3,42% no ano, em meio ao cenário econômico desafiador.
Entre os fatores que influenciam os investidores estão as tensões fiscais internas e a aprovação de novos pacotes de cortes de gastos pelo governo federal. A regulamentação da reforma tributária também segue no radar dos analistas, especialmente com a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Além disso, a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo um fator de atenção. Nesta quinta-feira, Lula passou por um procedimento médico para evitar um novo sangramento na cabeça, o qual, segundo o médico responsável, foi um sucesso. A recuperação do presidente e sua alta da UTI, prevista para hoje, seguem sendo monitoradas de perto pelo mercado.
Cenário Externo: Olhos nos EUA e na Europa
Externamente, os mercados estão atentos a dados econômicos importantes dos Estados Unidos e da Europa. Nos EUA, foram divulgados novos dados sobre a inflação ao produtor e os pedidos de auxílio-desemprego. Esses indicadores são acompanhados de perto pelo Federal Reserve (Fed), que utiliza esses dados para calibrar sua política monetária.
Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou, nesta quinta-feira, a redução da taxa de juros em 0,25 ponto percentual, a quarta redução do ano, em um esforço para controlar a inflação. O BCE manteve a possibilidade de novos cortes em 2025, o que gerou especulações sobre a eficácia dessa estratégia para impulsionar a economia europeia, que vem enfrentando um crescimento lento.
Impacto da Inflação e Juros nas Economias Globais
Os dados sobre a inflação ao produtor nos Estados Unidos, divulgados na véspera, mostraram uma leve desaceleração nos preços, mas os investidores continuam cautelosos com a possibilidade de novas elevações nos juros pelo Fed, especialmente diante das perspectivas de inflação persistente. O BCE, por sua vez, também enfrenta desafios relacionados à inflação na zona do euro, com o cenário econômico global se mostrando cada vez mais incerto.
Conclusão: Reações ao aumento da Selic e cenário internacional
A alta do dólar e a queda do Ibovespa refletem as expectativas do mercado em relação ao aumento da Selic e aos dados econômicos que chegam de fora, especialmente da inflação nos Estados Unidos e das decisões de política monetária na Europa. O cenário ainda é de cautela, com investidores aguardando mais detalhes sobre a condução da política fiscal e econômica no Brasil, além de analisar o impacto da saúde do presidente Lula e as novas direções para a economia global.