O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou, nesta terça-feira (18), que vai se licenciar do seu mandato parlamentar para morar nos Estados Unidos, onde se encontra atualmente. A decisão, que ocorre em um momento tenso de sua carreira política, foi acompanhada de duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que comanda o inquérito que investiga seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado.
Eduardo Bolsonaro, que pretendia assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, acabou tendo seus planos frustrados. No último domingo (16), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou que o cargo ficará com outro deputado do partido. Esse revés parece ter influenciado a decisão de Eduardo, que, segundo fontes próximas, não conseguiu encontrar uma justificativa política satisfatória para a perda da comissão, o que motivou sua licença temporária.
Em sua postagem nas redes sociais, Eduardo explicou que a licença será de caráter temporário e que ele abrirá mão de receber o salário de R$ 46.366,19. O parlamentar destacou que pretende focar no combate à atuação de Alexandre de Moraes, mencionando a possibilidade de ser preso por ordem do STF, embora não seja alvo direto da investigação. “Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos”, afirmou Eduardo, em tom desafiador.
Comando da Comissão de Relações Exteriores
Em relação à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro anunciou que o deputado Luciano Zucco, seu colega de partido e líder da oposição na Câmara, assumirá o cargo de presidente da comissão. “Ele irá me ajudar institucionalmente a manter essa ponte com o governo Trump e o bom relacionamento com países democráticos e desenvolvidos”, explicou o parlamentar, reforçando a proximidade com aliados do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Controvérsia e Disputa Política
A possibilidade de Eduardo Bolsonaro presidir a comissão gerou controvérsias dentro da Câmara. Parlamentares aliados ao governo questionaram a indicação, e a disputa acabou se intensificando, especialmente após o Partido dos Trabalhadores (PT) solicitar ao STF a apreensão do passaporte de Eduardo por suposto atentado à soberania nacional. Para seus opositores, Eduardo poderia usar o cargo de presidente da comissão como uma plataforma para críticas ao ministro Alexandre de Moraes e à investigação sobre seu pai e aliados.
Licença sem Remuneração
Eduardo Bolsonaro foi o terceiro deputado federal mais votado em São Paulo nas eleições de 2022, com 741.701 votos. Ao anunciar sua licença, ele destacou que não receberá remuneração durante o período de afastamento do cargo. “Vou me licenciar, sem remuneração, para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”, disse o deputado, apontando sua intenção de continuar lutando contra o que considera perseguições políticas.
A decisão de Eduardo Bolsonaro reflete a crescente polarização política no Brasil e coloca em evidência a disputa entre os filhos de Jair Bolsonaro e o sistema judiciário, especialmente o STF. O futuro político do parlamentar e o desdobramento de sua licença temporária permanecem incertos, mas a situação promete continuar a gerar repercussões tanto no cenário político brasileiro quanto nas relações internacionais do país.