A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) provocou uma forte reação nos mercados financeiros globais. Com o republicano no poder, as expectativas de uma política econômica mais protecionista levaram a um aumento significativo nos juros futuros americanos, enquanto o dólar disparou frente a diversas moedas, e o bitcoin atingiu um novo recorde histórico.

Dólar em alta com expectativa de juros maiores nos EUA

A perspectiva de um governo Trump com políticas econômicas protecionistas já gerou impacto no mercado financeiro global. Nesta manhã, os juros futuros dos Estados Unidos subiram de maneira expressiva, impulsionando o dólar. O rendimento das Treasuries de 10 anos, títulos públicos americanos e referência de segurança mundial, alcançou 4,47%, seu nível mais alto em quatro meses. A taxa de dois anos também subiu, atingindo 4,31%.

O dólar ganhou força mundialmente, refletindo o otimismo dos investidores com o retorno de Trump. No Brasil, a moeda americana subia 1,64% às 09h10, cotada a R$ 5,8404, e chegou a bater R$ 5,8619 na máxima do dia.

Segundo o economista-chefe Luciano Costa, da Monte Bravo Corretora, a expectativa de novas tarifas sobre países como México e China, somada à redução das exportações brasileiras para os EUA, contribui para a valorização do dólar. A alta dos preços de produtos importados geraria inflação interna nos EUA, incentivando o Federal Reserve (Fed) a manter as taxas de juros elevadas.

Reflexos no Brasil e no mercado de commodities

A valorização do dólar impacta fortemente o Brasil, onde a situação fiscal ainda preocupa investidores. A ausência de um pacote de cortes de gastos públicos tem aumentado o receio de desequilíbrio nas contas públicas brasileiras. Esse cenário de risco, combinado com a eleição de Trump, aumenta a demanda por taxas de juros mais elevadas, pressionando o real.

No Brasil, economistas como Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, alertam que a indefinição em torno dos cortes de despesas públicas deve manter o dólar em alta nas próximas semanas. “Quanto mais tempo passa, mais o mercado vai se protegendo”, afirma Saadia.

Bitcoin atinge novo recorde histórico

A eleição de Trump também impulsionou o bitcoin, que bateu um novo recorde histórico. Por volta das 08h, a criptomoeda subia cerca de 6,5%, sendo negociada a US$ 73.863, e chegou a ultrapassar os US$ 75 mil. No Brasil, o valor do bitcoin subiu mais de 11%, sendo negociado perto de R$ 443 mil.

O otimismo no mercado de criptomoedas reflete a postura mais favorável de Trump em relação aos criptoativos, especialmente após sua participação na conferência Bitcoin 2024. Na ocasião, ele prometeu apoio ao setor, afirmando que gostaria que as criptomoedas fossem “extraídas, cunhadas e fabricadas nos Estados Unidos”.

Essa nova visão representa uma mudança em relação à sua postura de 2019, quando Trump criticava as criptomoedas, chamando-as de “voláteis e baseadas no ar”. Especialistas acreditam que a mudança de posicionamento responde ao aumento do número de eleitores americanos que possuem criptoativos e ao crescimento desse mercado na economia dos EUA.

Expectativas para o futuro econômico

Com a vitória de Trump, o mercado financeiro global se prepara para um possível aumento das taxas de juros americanas, o que fortaleceria ainda mais o dólar. A política protecionista, se implementada, poderá restringir as exportações de países emergentes e gerar pressões inflacionárias internas nos EUA, levando o Fed a adotar medidas mais rigorosas para manter a inflação sob controle. O impacto já é visível nas movimentações do mercado, indicando que o novo governo Trump promete trazer mudanças e incertezas para o cenário econômico global.