Washington, 31 de maio de 2025 — A administração do presidente Donald Trump promoveu mudanças na liderança do Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras (ICE) em meio a desafios para alcançar a meta de deportar 1 milhão de imigrantes indocumentados no primeiro ano deste segundo mandato.
Robert Hammer, que atuava como chefe interino das Investigações de Segurança Interna, foi realocado após quatro meses no cargo. Paralelamente, Kenneth Genalo, chefe de operações de aplicação e remoção, anunciou sua aposentadoria.
As mudanças ocorrem um dia depois de Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, afirmar em entrevista que o governo espera que o ICE realize pelo menos 3.000 prisões diárias — mais que o dobro da média estabelecida no início do segundo mandato, que variava entre 1.200 e 1.500 prisões por dia.
Apesar das metas ambiciosas, os números atuais estão abaixo do esperado. Dados divulgados pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) indicam que, nos primeiros 100 dias de governo, o ICE realizou cerca de 66.000 prisões, uma média de aproximadamente 660 por dia. Tom Homan, responsável pela segurança nas fronteiras, reconheceu a insatisfação com os resultados, mas afirmou que esforços estão em andamento para ampliar equipes e acelerar as operações.
O governo Trump tem defendido a realização da “maior operação de deportação doméstica da história americana”. Entre as medidas, a administração busca agilizar processos, inclusive recorrendo a dispositivos legais raramente utilizados, como leis de guerra, para deportar suspeitos de envolvimento com gangues sem necessidade de audiência.
No Congresso, parlamentares republicanos têm articulado a destinação de bilhões de dólares adicionais para expandir as operações do ICE e viabilizar as metas estipuladas.
Com a troca na chefia, Derek Gordon, que atuava como agente especial em Washington, assume o posto de Hammer. Já Marcos Charles, com experiência na liderança de escritórios regionais do ICE, substitui Genalo na supervisão das operações de aplicação e remoção. Charles esteve envolvido em processos que incluíram a prestação de informações a tribunais federais, incluindo casos de deportação de indivíduos para países dos quais não eram cidadãos.
Mellissa Harper foi nomeada vice interina de Charles. Recentemente, Harper foi alvo de críticas de uma juíza federal pela condução de informações relacionadas ao processo de um solicitante de asilo venezuelano.
Fontes ligadas ao DHS apontam que as mudanças refletem a frustração da administração com o ritmo das operações. Um ex-oficial do departamento afirmou que as metas estabelecidas “são praticamente impossíveis de serem alcançadas”, independentemente de quem ocupe os cargos de liderança.