Quando os astronautas Barry Wilmore e Sunita Williams partiram rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) em junho de 2024, esperavam passar apenas oito dias no espaço. No entanto, devido a problemas técnicos com a cápsula Starliner da Boeing, ambos agora enfrentam a possibilidade de passar até oito meses na ISS antes de retornar à Terra. Essa estadia inesperada e prolongada no espaço traz preocupações significativas sobre os riscos à saúde física e mental dos astronautas.
Desafios de Viver no Espaço
Os seres humanos não evoluíram para viver em um ambiente de microgravidade, como o encontrado no espaço. Por isso, os astronautas passam por treinamento rigoroso e monitoramento constante de sua saúde antes, durante e após as missões espaciais. Embora Wilmore e Williams sejam astronautas experientes, com várias missões completadas, a extensão inesperada de sua permanência na ISS representa novos desafios.
Exposição Prolongada à Radiação
Um dos maiores riscos de uma estadia prolongada no espaço é a exposição à radiação. Em 2024, um estudo chamado TWINS, publicado na revista Nature, destacou os efeitos nocivos da radiação espacial. A pesquisa comparou o astronauta Scott Kelly, que passou um ano na ISS, com seu irmão gêmeo idêntico, Mark Kelly, que permaneceu na Terra. Os resultados apontaram que a radiação espacial pode causar danos ao DNA, aumentar o risco de câncer e induzir estresse oxidativo no corpo.
“É crucial desenvolver contramedidas para proteger os astronautas desses efeitos nocivos, não apenas durante voos espaciais, mas também em futuras missões à Lua ou Marte”, afirma Susan Bailey, bióloga da Universidade Estadual do Colorado, que liderou a pesquisa TWINS.
Impactos da Microgravidade
Outro grande desafio da vida no espaço é a microgravidade, que pode causar desmineralização óssea, levando à perda de densidade óssea de 1% a 1,5% por mês. Além disso, a microgravidade pode causar um aumento nos níveis de cálcio no corpo, aumentando o risco de cálculos renais.
“As mudanças na gravidade também afetam a visão, pois os fluidos do corpo se deslocam para a cabeça, exercendo pressão sobre os olhos, o que pode levar à Síndrome Neuro-ocular Associada ao Voo Espacial (Sans)”, explica o astronauta aposentado Thomas Reiter.
Suporte na ISS
Apesar dos desafios, a ISS está equipada para fornecer suporte básico aos astronautas. Reabastecimentos regulares garantem que não haja falta de comida, água ou oxigênio. A ISS também conta com seis dormitórios, dois banheiros e um ginásio, além de um ambiente de trabalho que mantém os astronautas engajados em atividades científicas e de apoio.
O suporte psicológico também é uma preocupação, mas Wilmore e Williams têm sido integrados às operações diárias da estação, o que ajuda a mitigar os efeitos do isolamento e da incerteza.
Conclusão
Embora a extensão da estadia de Wilmore e Williams na ISS apresente riscos significativos à saúde, os sistemas de suporte da estação e a experiência dos astronautas são fatores que contribuem para sua segurança. Quando finalmente retornarem à Terra, ambos passarão por monitoramento rigoroso para avaliar os impactos de sua longa jornada no espaço.