A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou o Ministério das Relações Exteriores (MRE) após ter sua identidade de gênero desconsiderada no processo de emissão de visto diplomático pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília. A parlamentar havia sido autorizada pela Câmara dos Deputados a participar como palestrante da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em missão oficial.
Segundo Erika, a embaixada norte-americana emitiu o visto com o gênero masculino, apesar da documentação oficial brasileira — incluindo certidão de nascimento retificada e passaporte — registrar sua identidade de gênero como feminina. O episódio levou a deputada a solicitar uma reunião com o ministro Mauro Vieira e a anunciar que articula uma ação jurídica internacional contra o governo dos Estados Unidos.
A parlamentar declarou que o caso configura não apenas uma violação à sua identidade, mas também um incidente diplomático, visto que envolve o não reconhecimento de documentos emitidos por um governo estrangeiro. “A transfobia de Estado, quando praticada nos Estados Unidos, ainda pede uma resposta das autoridades do poder judiciário americano. Mas, quando invade um outro país, pede também uma resposta diplomática”, afirmou.
Erika Hilton também associou o ocorrido ao novo decreto do presidente Donald Trump, assinado em janeiro de 2025, que, segundo ela, revoga o reconhecimento de pessoas trans por parte do governo norte-americano. A deputada observou que, em 2023, sob outra gestão, havia obtido visto respeitando sua identidade de gênero.
Com a situação, Erika desistiu da viagem e de sua participação no painel Diversidade e Democracia, previsto para ocorrer no dia 12 de abril, ao lado de outras autoridades brasileiras. Ela classificou a política atual dos EUA em relação a pessoas trans como “higienista e desumana”, destacando que o episódio também representa um desrespeito à soberania brasileira.
O Itamaraty confirmou o recebimento do ofício e avalia a possibilidade de agendar a reunião solicitada. Até o momento, a embaixada dos Estados Unidos no Brasil não se pronunciou oficialmente sobre o caso.