Singapura, 31 de maio de 2025 — O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta sexta-feira (30) que a China está se preparando para utilizar força militar no Indo-Pacífico, em especial em relação a Taiwan. O alerta foi feito durante sua participação no principal fórum de defesa da Ásia, realizado em Singapura.
Durante seu discurso, Hegseth classificou a ameaça representada pela China como “real e possivelmente iminente”, e pediu que os países aliados na região aumentem seus investimentos em defesa. Segundo ele, conter a expansão militar chinesa é uma prioridade da administração do presidente Donald Trump.
“Não há motivo para suavizar as palavras. A ameaça que a China representa é real e pode ser iminente”, declarou o secretário, acrescentando que qualquer tentativa de Pequim de tomar Taiwan “terá consequências devastadoras para a região e para o mundo”. Ele reforçou ainda que o governo Trump está comprometido em impedir uma eventual invasão da ilha.
Tensão em Taiwan
A situação de Taiwan esteve no centro do alerta norte-americano. A China considera a ilha uma província rebelde e afirma que busca a reunificação, se necessário, pelo uso da força. Nos últimos anos, Pequim tem intensificado sua pressão militar, incluindo manobras navais e aéreas nas proximidades da ilha.
Taiwan, por sua vez, rejeita as ameaças e defende que apenas seus cidadãos podem decidir sobre o futuro do território.
“Tem que estar claro para todos: Pequim está se preparando, de forma crível, para usar força militar e mudar o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico”, reforçou Hegseth.
Ausência da China e aumento dos gastos na Ásia
O governo chinês não enviou seu ministro da Defesa, Dong Jun, ao evento, optando por representar o país por meio de uma delegação acadêmica.
O cenário de tensão tem levado países asiáticos a aumentarem seus orçamentos militares. De acordo com um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres, as nações da região vêm buscando fortalecer suas indústrias de defesa e ampliar parcerias internacionais. Mesmo assim, os gastos médios com defesa na Ásia permaneceram em torno de 1,5% do PIB em 2024, nível relativamente estável na última década.
Redefinição de prioridades
Hegseth também destacou que os Estados Unidos estão incentivando seus aliados europeus a assumirem mais responsabilidades em relação à segurança no próprio continente, permitindo que Washington concentre mais recursos na região Indo-Pacífico.
“Estamos pressionando os europeus a investirem mais na própria defesa… Graças ao presidente Trump, eles estão fazendo isso”, afirmou.
Apesar da retórica, algumas decisões recentes do governo norte-americano geraram questionamentos na Ásia. Neste ano, os EUA transferiram sistemas de defesa aérea da região para o Oriente Médio, em resposta à escalada de tensões com o Irã. A operação envolveu 73 voos de aviões de transporte C-17.
Discurso alinhado à política interna
Em sua primeira participação no fórum asiático desde que assumiu o cargo, Hegseth, ex-apresentador de televisão, adotou um tom alinhado ao discurso que costuma fazer nos Estados Unidos. Ele evitou temas como mudanças climáticas e questões culturais, e focou na valorização das capacidades militares.
“Não estamos aqui para pressionar outros países a adotarem nossa política ou ideologia. Não viemos pregar sobre mudança climática ou pautas culturais”, declarou. “Respeitamos vocês, suas tradições e suas Forças Armadas. Queremos trabalhar juntos onde houver interesses em comum.”