EUA e Irã retomam diálogo direto para tratar de novo acordo nuclear em meio a ameaças de conflito

Neste sábado (12), representantes dos Estados Unidos e do Irã iniciam uma rodada de negociações em Omã, com o objetivo de discutir um possível novo acordo nuclear. A reunião marca o primeiro contato direto entre autoridades dos dois países em mais de dez anos, em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio e a declarações contundentes do presidente Donald Trump, que afirmou que um ataque militar contra o Irã não está descartado.

O encontro acontece em um momento delicado, com ambas as nações sinalizando desconfiança, mas também disposição para evitar uma escalada militar. Trump estabeleceu um prazo de dois meses para que o Irã aceite um novo acordo que limite ou desmantele seu programa nuclear. Segundo ele, o objetivo central é impedir que Teerã desenvolva armas atômicas. “Se for necessário um ataque militar, teremos um”, disse Trump, acrescentando que Israel estaria à frente de qualquer ação.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que as conversas seriam diretas e destacou que o governo busca um acordo mais robusto que o firmado em 2015, durante a gestão de Barack Obama. O antigo pacto, conhecido como JCPOA (Plano de Ação Conjunto Abrangente), previa restrições ao programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções econômicas. Trump retirou os EUA do acordo em 2018, alegando que ele beneficiava um regime que patrocinava o terrorismo.

A delegação americana será liderada por Steve Witkoff, enviado especial do governo para o Oriente Médio, que chegou a Omã após uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin em São Petersburgo, centrada na guerra na Ucrânia.

Do lado iraniano, as autoridades já deixaram claro que não aceitarão exigências consideradas excessivas, nem linguagem que classifiquem como ameaçadora. A agência semi-oficial Tasnim informou que Teerã estabeleceu limites claros para as negociações, especialmente no que diz respeito ao seu programa nuclear e à indústria de defesa.

Analistas observam que o Irã vê seu programa nuclear como um elemento-chave de sua influência estratégica e que abandoná-lo por completo poderia comprometer sua segurança. No entanto, há sinais de que Teerã está aberto a ampliar o escopo das conversas para incluir temas como seu programa de mísseis balísticos e o apoio a grupos aliados na região.

Um alto funcionário do governo americano declarou que Washington espera não apenas discutir a questão nuclear, mas também abrir caminho para um diálogo mais amplo sobre a postura regional do Irã.

A reunião deste sábado será um importante termômetro para medir até que ponto o Irã está disposto a negociar sob pressão e se há espaço para um novo acordo que reduza as tensões e evite um novo conflito no Oriente Médio.

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