O governo dos Estados Unidos está se preparando para fechar uma série de consulados e representações diplomáticas ao redor do mundo, incluindo no Brasil e na Europa, segundo informações confirmadas por fontes do governo americano na última quinta-feira. A medida, impulsionada pela administração do ex-presidente Donald Trump, pode impactar significativamente a capacidade operacional do país no exterior, reduzindo sua influência diplomática e sua atuação em inteligência.
De acordo com documentos compartilhados pelo Departamento de Estado com o Congresso americano, entre os consulados listados para fechamento estão os de Florença (Itália), Estrasburgo (França), Hamburgo (Alemanha) e Ponta Delgada (Portugal). Além disso, um consulado no Brasil também foi citado, segundo o New York Times. Atualmente, os EUA mantêm consulados em Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e um escritório da embaixada em Belo Horizonte.
As representações diplomáticas dos EUA desempenham um papel fundamental em diversas áreas, incluindo inteligência, forças de segurança, comércio e ajuda humanitária. Funcionários do Departamento de Estado monitoram temas de interesse estratégico no país anfitrião, colaborando em ações que vão desde o combate ao terrorismo até iniciativas de fortalecimento da democracia e direitos humanos. O fechamento desses postos pode reduzir drasticamente a presença e a influência dos EUA nessas questões.
Preocupação Entre Agências Federais
A decisão faz parte da política externa “America First” de Trump, que visa reduzir o envolvimento global dos Estados Unidos. No entanto, a medida preocupa setores do governo, especialmente em um momento de crescente influência da China no cenário internacional. Pequim, que já ultrapassou Washington em número de postos diplomáticos globais, vem expandindo sua presença principalmente na Ásia e na África, consolidando sua influência em organizações internacionais.
“O Departamento de Estado continua a avaliar nossa postura global para garantir que estamos melhor posicionados para enfrentar os desafios modernos em nome do povo americano”, disse a chancelaria dos EUA em um comunicado.
No entanto, a possibilidade de fechamento de consulados tem gerado inquietações em diversas agências federais. A CIA, por exemplo, mantém a maioria de seus agentes operando sob cobertura diplomática em embaixadas e consulados, e o encerramento dessas representações pode limitar a capacidade da agência de coletar informações estratégicas. Além disso, o fechamento impactará severamente os funcionários locais que atuam nesses postos, os quais representam cerca de dois terços da força de trabalho diplomática dos EUA no exterior.
Cortes Orçamentários e Interferência de Elon Musk
A iniciativa também faz parte de uma ampla campanha de cortes orçamentários promovida pelo governo Trump, que busca reduzir os gastos do Departamento de Estado em até 20%. Esse processo tem sido acelerado por uma equipe liderada pelo empresário Elon Musk, que se envolveu em auditorias das agências governamentais para identificar o que considera desperdício de recursos públicos.
Um dos membros da equipe de Musk, Edward Coristine, um engenheiro de apenas 19 anos, tem desempenhado um papel ativo na reestruturação do orçamento do Departamento de Estado. Em um memorando enviado em fevereiro, o então secretário de Estado, Marco Rubio, instruiu os chefes de missão a manterem o número de funcionários no exterior no “mínimo necessário” e determinou que posições diplomáticas que ficassem vagas por dois anos fossem eliminadas.
A decisão de reduzir drasticamente a presença diplomática dos EUA no mundo pode ter consequências de longo prazo para a influência americana em assuntos globais. Enquanto os cortes são justificados como uma medida de eficiência administrativa, analistas alertam que o impacto pode ser um enfraquecimento da posição estratégica dos EUA diante de seus concorrentes globais, principalmente a China.