Os Estados Unidos estão pressionando a Ucrânia para que reduza a idade mínima de recrutamento militar de 25 para 18 anos, em meio à crescente necessidade de reforços nas linhas de frente contra as forças russas. Essa proposta reflete a preocupação americana com a significativa escassez de efetivos no exército ucraniano, uma situação que, segundo analistas, compromete a resistência de Kiev diante do avanço russo.
Um alto funcionário do governo americano destacou que as perdas em combate e a lentidão na mobilização de novos soldados têm enfraquecido a capacidade militar ucraniana. De acordo com estimativas, a Ucrânia necessita de cerca de 160 mil soldados adicionais para equilibrar o confronto, um número que Washington considera essencial para manter posições estratégicas no conflito iniciado em fevereiro de 2022.
Resistência de Kiev à Proposta
Apesar da pressão, o governo ucraniano, liderado pelo presidente Volodimir Zelenski, rejeitou a ideia de reduzir a idade mínima de recrutamento. Zelenski enfatizou que não há planos para alterar a política atual, citando preocupações relacionadas à demografia do país e ao impacto negativo que tal medida poderia causar no futuro da Ucrânia.
“A solução para os nossos desafios não está em recrutar jovens inexperientes, mas em fortalecer nossas capacidades com apoio internacional”, afirmou a vice-primeira-ministra Olha Stefanishina. Ela destacou que a prioridade do governo é obter mais armamentos e treinamento especializado para as tropas já em operação.
Conflito se Agrava com Reforços Russos
Enquanto isso, o conflito no leste europeu continua a se intensificar. No dia 25 de novembro, um ataque de mísseis russos ao centro de Kharkiv feriu pelo menos 23 pessoas, de acordo com o Serviço de Emergência Estatal da Ucrânia. Nas últimas semanas, tropas russas lançaram uma série de ataques com drones e mísseis balísticos contra Odesa e Kharkiv, agravando a crise humanitária.
A situação tornou-se ainda mais desafiadora para Kiev com a chegada de soldados norte-coreanos para reforçar as fileiras russas. Esse apoio adicional tem permitido que Moscou avance em áreas estratégicas, pressionando ainda mais as forças ucranianas.
Demora no Apoio Ocidental
A Ucrânia atribui parte de sua dificuldade no campo de batalha à demora no envio de armamentos por parte de seus aliados ocidentais. Embora os Estados Unidos e outros países da OTAN tenham fornecido equipamentos significativos, Kiev argumenta que os atrasos têm dificultado o treinamento e a prontidão de suas tropas.
Especialistas militares apontam que, para conter o avanço russo, a Ucrânia precisará não apenas de mais soldados, mas também de sistemas avançados de defesa aérea, munições e suporte logístico eficaz.
Dilema de Kiev: Pressão Externa e Desafios Internos
O impasse entre a pressão americana e a resistência do governo ucraniano reflete um dilema maior enfrentado por Kiev. De um lado, há a necessidade urgente de reforçar suas forças armadas; de outro, as implicações a longo prazo de recrutar jovens em um país já fragilizado pela guerra.
Para analistas, o apoio internacional contínuo será crucial para determinar o desfecho do conflito. “A Ucrânia está em um momento crítico, onde cada decisão pode moldar o futuro da nação e sua capacidade de resistir à agressão russa”, concluiu um especialista em geopolítica.
Com o conflito entrando em seu terceiro ano, o equilíbrio entre a pressão militar e as limitações internas da Ucrânia continuará a definir a dinâmica da guerra e as relações entre Kiev e seus aliados ocidentais.