A Guarda Costeira dos Estados Unidos realiza hoje uma audiência pública para investigar a tragédia envolvendo o submarino Titan, da empresa OceanGate, que implodiu durante uma expedição aos destroços do Titanic em junho de 2023, no Atlântico Norte. O acidente resultou na morte de cinco pessoas, incluindo o CEO da empresa, Stockton Rush, e os passageiros Hamish Harding, Paul Henri Nargeolet, Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood.
O caso gerou grande repercussão mundial, não apenas pela magnitude da tragédia, mas também pelas perguntas ainda não respondidas sobre o incidente. A audiência deve examinar pontos cruciais, como falhas no design da nave, alertas de segurança ignorados e a falta de regulamentação para expedições desse tipo.
1. Os Passageiros Sabiam que Algo Estava Errado?
Durante a descida do Titan no dia 18 de junho, o submersível perdeu contato com a superfície menos de duas horas após o início da viagem. Embora o Titan estivesse equipado com um sistema de comunicação via mensagens de texto e um monitoramento acústico, que poderia captar sinais de falhas, não se sabe se a tripulação teve algum indício de que algo estava errado. A implosão, confirmada dias após o desaparecimento, foi instantânea, e especialistas acreditam que os passageiros podem não ter tido tempo para reagir ou sequer perceber que estavam em perigo.
2. Qual Parte do Titan Falhou?
Uma das principais questões em aberto é qual parte do submarino Titan não suportou a pressão das profundezas oceânicas e resultou na implosão. Após a tragédia, surgiram relatos de falhas no design da nave. O visor, por exemplo, era certificado para mergulhos de até 1.300 metros, enquanto o Titan desceu a mais de 3.800 metros. O casco cilíndrico, feito de fibra de carbono em vez de titânio, também foi alvo de críticas por especialistas, que afirmam que essa configuração pode ter criado pontos fracos na estrutura.
3. Ruídos Subaquáticos Distorceram a Busca?
A operação de resgate mobilizou autoridades de diversos países, que relataram ter captado sons subaquáticos que poderiam estar relacionados ao Titan. No entanto, nada indicava que esses ruídos estivessem ligados à tripulação, que provavelmente já havia morrido logo após a implosão. A Marinha dos Estados Unidos registrou um sinal acústico consistente com uma implosão no dia do desaparecimento, mas a informação só foi divulgada após a descoberta dos destroços, o que levantou críticas de que a busca gerou uma falsa esperança para as famílias das vítimas.
4. Por Que Avisos de Segurança Foram Ignorados?
Antes do desastre, diversos especialistas levantaram preocupações sobre a segurança do Titan. O ex-diretor de operações marítimas da OceanGate, David Lochridge, chegou a relatar sérias preocupações com a falta de testes adequados no submersível. Em 2018, documentos judiciais revelaram que Lochridge alertou para o risco extremo ao qual os passageiros estariam expostos. No entanto, esses avisos foram ignorados pela empresa, e Stockton Rush, o CEO da OceanGate, defendia que os alertas eram uma tentativa de “frear a inovação”.
5. Por Que as Autoridades Permitiram o Mergulho?
A OceanGate optou por não submeter o Titan a avaliações de segurança de organizações independentes, como seria de praxe no setor. Em vez disso, Rush descrevia o submersível como “experimental” e alegava que a certificação desaceleraria a inovação. Os passageiros, que pagaram até US$ 250 mil para participar da expedição, assinaram termos de responsabilidade que eximiam a empresa de qualquer eventualidade. A audiência deve investigar por que as autoridades não intervieram, mesmo diante de tantas dúvidas sobre a segurança do Titan.
Com a audiência pública em andamento, espera-se que novas informações venham à tona e que respostas sejam dadas para estas questões, que permanecem no centro da investigação sobre uma das tragédias mais impactantes de 2023.