EUA relacionam comércio Brasil-China a negociações sobre tarifas de aço e alumínio

O governo dos Estados Unidos tem indicado a autoridades brasileiras que a imposição de barreiras comerciais ao aço chinês pode facilitar as negociações sobre as tarifas impostas às exportações brasileiras de aço e alumínio. Segundo relatos de pessoas próximas às tratativas, Washington tem sugerido que restrições ao comércio com a China poderiam ajudar o Brasil a reabrir cotas de importação com isenção parcial de tarifas.

Desde 2 de abril, o Brasil e outros países enfrentam uma tarifa linear de 10% sobre suas exportações para os EUA, além da tarifa anterior de 25% sobre aço e alumínio. O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou negociações antes da entrada em vigor do tarifaço. Em março, o vice-presidente Geraldo Alckmin participou de uma reunião com representantes do governo Trump, e novos contatos ocorreram desde então, tanto em níveis ministeriais quanto técnicos.

Durante as conversas, autoridades americanas têm destacado que o aumento das importações brasileiras de aço chinês contribui para a distorção do mercado internacional, uma justificativa apontada na ordem executiva de Trump que restabeleceu as tarifas em fevereiro. Washington afirma que essas distorções precisam ser corrigidas para o avanço das negociações.

O governo brasileiro, no entanto, contesta essas alegações, afirmando que não há reexportação de aço chinês para os EUA e ressaltando que o Brasil adota medidas antidumping contra importações desleais, inclusive provenientes da China. Em resposta, o governo chinês advertiu que retaliará países que firmarem acordos com os EUA em prejuízo de seus interesses, reforçando a tensão nas relações comerciais.

Além da questão diplomática, há também preocupações no Brasil sobre o impacto de possíveis excedentes de produtos chineses que deixariam de ser exportados para os EUA. O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, minimizou essas preocupações, argumentando que os mercados dos dois países possuem diferenças estruturais significativas.

O ambiente de negociação é considerado volátil, em parte devido ao estilo imprevisível do governo Trump. No dia em que as novas tarifas entrariam em vigor, Trump anunciou uma pausa de 90 dias para os principais parceiros comerciais, ao mesmo tempo em que endureceu a guerra comercial com a China.

Em recente entrevista, Trump voltou a criticar o Brasil, afirmando que o país se beneficiou de tarifas aplicadas às importações americanas. Diante da incerteza, o governo brasileiro mantém as negociações, mas não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) se necessário, utilizando a nova lei da reciprocidade comercial como respaldo estratégico.

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