Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (12) a suspensão de todos os voos com destino ou origem no Haiti por 30 dias, após três aviões comerciais serem alvos de tiros na capital haitiana, Porto Príncipe. A decisão foi tomada pelo órgão regulador aéreo americano e reflete a crescente violência dos grupos criminosos que controlam grande parte da capital do país caribenho, segundo informações da Agência France-Presse (AFP).
Incidentes com aeronaves e medidas de segurança
Entre os incidentes, um voo da Spirit Airlines, companhia aérea de baixo custo, foi alvo de disparos enquanto pousava no aeroporto internacional de Porto Príncipe. Uma comissária de bordo ficou levemente ferida, e fotos nas redes sociais mostram a cabine com marcas de tiros. Outros dois aviões das companhias JetBlue e American Airlines, que partiram de Porto Príncipe, também foram atingidos por disparos, confirmados por inspeções realizadas após os voos.
Em resposta, o conselho presidencial de transição do Haiti condenou os ataques, classificando-os como um “crime odioso” que ameaça a segurança e soberania do país e visa isolar o Haiti no cenário internacional. O governo haitiano também anunciou o envio de policiais e militares para reforçar a segurança no aeroporto da capital.
Contexto de violência e instabilidade política
O Haiti enfrenta um agravamento da violência promovida por gangues criminosas que controlam mais de 80% de Porto Príncipe e grande parte das principais rodovias do país. Nas últimas 48 horas, bairros da capital registraram tiroteios, levando ao fechamento de escolas e do aeroporto. Funcionários do aeroporto afirmaram que só retomarão suas atividades no próximo dia 18 de novembro.
A situação de instabilidade é exacerbada por uma crise política que inclui a recente nomeação de Alix Didier Fils-Aimé como primeiro-ministro interino, após a destituição de Garry Conille pelo conselho presidencial de transição. Desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021, o país não organiza eleições e não conta com um líder eleito.
Apoio internacional e pressão dos EUA
Os Estados Unidos, que financiam a força de segurança internacional enviada ao Haiti para conter a violência das gangues, pediram que o governo haitiano e o novo primeiro-ministro estabeleçam claramente as responsabilidades do conselho presidencial de transição para evitar novas crises políticas. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, reforçou a necessidade de “promover a responsabilização” dentro do conselho para manter a credibilidade junto à população haitiana e à comunidade internacional.
A ONU também expressou preocupação com o aumento da violência no país, que piora uma já grave crise humanitária. Segundo a ONU, o Haiti, com uma população de 11,6 milhões de pessoas, registrou mais de 3,6 mil homicídios e 1,1 mil sequestros entre janeiro e junho deste ano.
Com a suspensão dos voos, o país enfrenta mais um desafio no cenário de isolamento internacional, enquanto a crise interna continua a impactar a segurança e a vida dos haitianos.