O furacão Milton, que se intensificou rapidamente para a categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson, deve atingir o solo dos Estados Unidos durante a madrugada desta quinta-feira (10). Este será o terceiro grande furacão a atingir o país em pouco mais de três meses, trazendo uma nova onda de destruição após a passagem devastadora do furacão Helene, que matou mais de 200 pessoas na Flórida há duas semanas.
Evacuações em andamento na Flórida
Seis condados ao redor da Baía de Tampa, na Flórida, emitiram ordens de evacuação desde a última segunda-feira (7), à medida que o furacão Milton avança. O fenômeno passou da categoria 2 para a 5 em apenas 36 horas, com ventos acima de 270 km/h, o que chamou a atenção de meteorologistas pela rapidez de sua intensificação. O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) destacou o “alto potencial destrutivo” da tempestade.
A temporada de furacões de 2024: a pior da história?
O NHC classificou a temporada de furacões deste ano como uma das mais intensas já registradas. Em julho, o furacão Beryl, de categoria 5, causou oito mortes no Texas, e, no final de setembro, o furacão Helene devastou a Flórida. Agora, Milton, com seu avanço agressivo, reforça o cenário alarmante de uma temporada especialmente destrutiva.
Mas por que os Estados Unidos enfrentam tantos furacões, e o que está favorecendo a intensidade desses eventos em 2024?
Por que os furacões se formam?
A temporada de furacões, que ocorre de 1º de julho a 30 de novembro, é marcada por condições meteorológicas ideais para a formação de tempestades no Atlântico. O aquecimento dos oceanos é o principal fator que desencadeia a formação desses fenômenos. À medida que a água do oceano evapora, grandes volumes de nuvens se formam, criando uma área de baixa pressão que atrai ar frio, o que, por sua vez, intensifica o vento e forma sistemas cada vez maiores e mais poderosos.
“O furacão depende de um oceano muito quente para se alimentar. Quanto mais quente o oceano, mais forte será a tempestade”, explicou o meteorologista Fábio Luengo, da Climatempo, em entrevista ao g1.
Fatores por trás da intensificação em 2024
Dois fatores têm sido cruciais para o aumento da intensidade dos furacões este ano: o aquecimento acelerado dos oceanos e a presença do fenômeno La Niña. Um estudo divulgado pela Unesco indicou que 2023 foi o ano com o maior aumento da temperatura dos oceanos já registrado, um cenário que persiste em 2024. No Atlântico Norte, onde se formam os furacões que atingem os Estados Unidos, a temperatura da água esteve, em média, 2ºC acima dos níveis da era pré-industrial.
Em alguns períodos, a água na superfície do Atlântico Norte atingiu 24,9ºC, enquanto para a formação de furacões, a temperatura deve ser de, no mínimo, 26,5ºC. A combinação de oceanos mais quentes e a influência de La Niña contribuem diretamente para a formação de tempestades mais potentes.
Classificação dos furacões: o poder de destruição
A escala Saffir-Simpson é utilizada para classificar a intensidade dos furacões com base na velocidade dos ventos, que indica o potencial de destruição. Furacões de categoria 1 têm ventos entre 119 km/h e 153 km/h e causam danos leves. Já um furacão de categoria 5, como o Milton, apresenta ventos acima de 252 km/h, com “danos totais”, como edifícios destruídos, inundações severas e a interrupção prolongada de serviços essenciais.
Com o aumento na frequência e na intensidade desses fenômenos, os Estados Unidos enfrentam uma temporada de furacões que pode ser a mais devastadora de sua história, reforçando a necessidade de medidas urgentes para mitigação de riscos e preparação das populações vulneráveis.