Os furacões Helene e Milton trouxeram destruição significativa para áreas como Asheville, Carolina do Norte, e Tampa, Flórida, levantando preocupações sobre a recuperação econômica dessas cidades. Com taxas de desemprego notáveis de 3,1% em agosto — abaixo da média nacional —, ambas as cidades estavam se destacando como exemplos de crescimento robusto em um período pós-pandemia. No entanto, os desastres naturais ameaçam reverter esses avanços.
Destruição e Desafios Imediatos
Os furacões causaram danos extensivos, devastando residências, inundando ruas e deixando muitos moradores sem acesso a serviços essenciais como energia elétrica e água potável. O fechamento temporário de escolas e empresas apenas agrava a situação, criando um ambiente de incerteza econômica.
Historicamente, a atividade econômica tende a cair nos meses imediatamente após furacões devastadores. O furacão Katrina em Nova Orleans, o furacão Harvey em Houston e o furacão Irma em Columbia, Carolina do Sul, são exemplos de como a economia local pode sofrer uma queda acentuada. Contudo, um relatório do Government Accountability Office (GAO) indica que, em média, essas áreas conseguem se recuperar para níveis econômicos semelhantes ou até superiores em menos de um ano.
O Papel da Ajuda e do Seguro
A rapidez da recuperação depende em grande parte da ajuda recebida e da cobertura de seguro dos moradores. Adam Kamins, economista da Moody’s Analytics, observa que a injeção de recursos federais pode, em muitos casos, impulsionar a criação de empregos após uma tempestade. Contudo, o cenário de recuperação pode ser desigual.
Em áreas como Asheville, onde o turismo se tornou uma força motriz da economia, a falta de seguro contra inundações pode limitar severamente a capacidade de reconstrução. Hotéis e restaurantes que não estão seguros podem optar por não reabrir, levando a um impacto econômico duradouro na cidade. “Isso pode ter danos significativos a longo prazo”, alerta Kamins.
A Experiência de Comunidades Maiores
Comunidades maiores, como Houston, mostraram uma recuperação mais rápida devido à presença de recursos financeiros e infraestrutura de gerenciamento de desastres. O GAO observa que essas áreas têm a capacidade de investir em serviços de emergência, o que pode fazer toda a diferença em tempos de crise.
Por outro lado, locais menores e com economias mais frágeis, como partes do interior da Carolina do Norte, podem enfrentar desafios ainda maiores. A realocação permanente de moradores, como observado após o Katrina, pode ter um efeito devastador a longo prazo em áreas já vulneráveis.
Expectativas Futuras
O futuro econômico de Asheville e Tampa, após os furacões Helene e Milton, dependerá não apenas da resposta imediata das autoridades e da ajuda federal, mas também da capacidade das comunidades de se reorganizar e se adaptar. A contínua elevação das taxas de seguro residencial e contra inundações pode levar muitos a reconsiderar suas opções de habitação, potencialmente levando a uma migração em massa de moradores.
Além disso, as decisões sobre a reconstrução de infraestruturas essenciais, como escolas e empresas, terão um impacto direto na percepção de segurança e estabilidade econômica da região. A capacidade de uma comunidade de se recuperar após desastres naturais pode, portanto, moldar seu futuro por anos, ou até décadas, à frente.
À medida que as comunidades começam a avaliar os danos e planejar a recuperação, o que se seguirá poderá não apenas redefinir o horizonte econômico local, mas também moldar a resiliência das cidades diante de futuros desafios climáticos.