Governo Biden aprova memorando confidencial sobre cooperação entre Rússia, Coreia do Norte, Irã e China

O governo do presidente Joe Biden aprovou um novo memorando confidencial de segurança nacional, destacando a crescente cooperação entre quatro dos principais adversários dos Estados Unidos: Rússia, Coreia do Norte, Irã e China. O documento, que visa orientar a administração do presidente eleito Donald Trump sobre como lidar com essa aliança internacional, foi concluído antes da transição de poder e deve servir como um guia estratégico para enfrentar os desafios globais impostos pela intensificação dessas relações.

A crescente aliança entre potências rivais

De acordo com a Casa Branca, o memorando foi elaborado entre julho e setembro deste ano, e busca fornecer uma estrutura para a administração Trump gerenciar a relação dos Estados Unidos com esses quatro países, cujas interações têm se tornado cada vez mais complexas, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

A intensificação dessa cooperação entre os adversários dos EUA gerou uma série de preocupações no governo Biden, que considera essa aliança uma ameaça à segurança global e à estabilidade internacional. O documento confidencial, no entanto, não será divulgado ao público devido à sensibilidade de suas conclusões.

Principais recomendações do memorando

O memorando inclui quatro principais orientações para lidar com a crescente cooperação entre os países:

  1. Melhorar a cooperação interagências dentro do governo dos EUA, garantindo uma resposta coordenada e eficiente aos desafios impostos por esses adversários;
  2. Acelerar o compartilhamento de informações com aliados e parceiros estratégicos sobre as ações dos quatro países, visando fortalecer a rede de inteligência e reação global;
  3. Ajustar o uso de sanções e outras ferramentas econômicas para maximizar sua eficácia, a fim de impactar as economias e as capacidades militares desses regimes de forma mais assertiva;
  4. Fortalecer a preparação para gerenciar crises simultâneas, dada a possibilidade de confrontos simultâneos envolvendo esses países, como no caso de uma escalada de tensões militares na Ucrânia ou na região do Indo-Pacífico.

Essas recomendações refletem a crescente preocupação dos Estados Unidos com o alinhamento estratégico entre a Rússia, a China, o Irã e a Coreia do Norte, especialmente após o início da invasão russa à Ucrânia e as consequências geopolíticas dessa ação.

Cooperação militar e industrial entre os quatro países

O documento também detalha como a cooperação entre esses países tem se intensificado. Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia tem buscado apoio militar e tecnológico, especialmente da China e do Irã. A Rússia obteve drones e mísseis iranianos, enquanto a Coreia do Norte tem fornecido à Rússia artilharia e mísseis, além de enviar tropas para combater ao lado das forças russas em território ucraniano.

Em troca, a Rússia tem ajudado o Irã a fortalecer sua capacidade de defesa antimísseis e expandir suas tecnologias espaciais, além de fornecer caças avançados. A China, por sua vez, está se beneficiando do “know-how” russo, enquanto os dois países aprofundam a cooperação técnico-militar e realizam patrulhas conjuntas na região do Ártico, uma área estratégica para ambos.

Além disso, a Rússia tem aceitado a Coreia do Norte como um “estado nuclear”, oferecendo à Pyongyang combustíveis e financiamentos necessários para expandir suas capacidades militares.

Transição entre administrações e continuidade nas políticas de segurança

Embora o presidente Biden e o presidente eleito Donald Trump tenham visões de mundo marcadamente diferentes, o governo dos EUA tem trabalhado para garantir uma transição suave no que diz respeito às questões de segurança nacional. De acordo com funcionários da administração Biden, o memorando foi elaborado com o objetivo de fornecer à administração Trump um “roteiro” para lidar com esses desafios de segurança internacional, sem pressioná-los para adotar uma política específica.

Um dos funcionários que conversou com a agência de notícias Associated Press afirmou que o documento visa apenas ajudar a próxima administração a construir capacidade para enfrentar as questões mais difíceis de política externa. “Não estamos tentando prender a próxima administração a uma opção de política ou outra, mas sim prepará-los para lidar com essas questões assim que assumirem”, disse o funcionário.

A transição entre as administrações dos EUA ocorre em um momento de crescente polarização e desafios internacionais. A cooperação entre esses quatro países rivais dos EUA é vista como uma das questões mais complexas e urgentes da política externa americana para os próximos anos.

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