Governo Biden Propõe Banir Veículos Chineses nos EUA por Riscos de Segurança

O governo dos Estados Unidos, por meio do Departamento de Comércio, propôs nesta segunda-feira (23) uma nova regulamentação que visa proibir a utilização de software e hardware chineses em veículos conectados que circulam nas estradas americanas. A medida, que tem como objetivo proteger a segurança nacional, efetivamente bloquearia a entrada de quase todos os carros chineses no mercado dos EUA.

Riscos à Segurança Nacional

O governo Biden expressou preocupação com a coleta de dados por empresas chinesas em veículos conectados, que podem acessar informações sobre motoristas e infraestruturas críticas dos EUA. Além disso, há receios de que esses veículos possam ser manipulados remotamente por governos estrangeiros. A secretária de Comércio, Gina Raimondo, alertou sobre o perigo de adversários controlarem remotamente veículos em massa, o que poderia resultar em acidentes e bloqueios de estradas.

“Em situações extremas, um adversário estrangeiro poderia desligar ou controlar veículos operando nos EUA simultaneamente, comprometendo a segurança pública”, afirmou Raimondo.

Escalada nas Restrições a Produtos Chineses

A proposta faz parte de uma série de restrições que o governo dos EUA tem imposto a produtos chineses. Recentemente, o governo aumentou as tarifas sobre importações da China, incluindo um imposto de 100% sobre veículos elétricos e taxas sobre baterias e minerais essenciais.

Apesar do número reduzido de carros chineses nos EUA atualmente, Raimondo destacou que o governo está agindo preventivamente. “Não vamos esperar até que nossas estradas estejam cheias de veículos chineses e o risco se torne extremamente significativo”, afirmou.

Impacto nos Veículos Conectados

Os veículos conectados são aqueles que possuem hardware de rede que permite acesso à Internet, compartilhando dados com dispositivos internos e externos ao veículo. A proibição afetaria tanto os veículos chineses quanto componentes e softwares desenvolvidos por empresas chinesas usados em modelos de outros países. Carros autônomos de montadoras chinesas também seriam impedidos de realizar testes nas vias americanas.

Exceções e Prazos

Embora a proposta efetivamente bane veículos chineses, haverá a possibilidade de isenções específicas para fabricantes que solicitarem autorizações. As novas regras sobre software deverão entrar em vigor a partir do ano-modelo de 2027, enquanto a proibição de hardware começaria a valer em 2029.

A proposta ainda está aberta para comentários públicos por 30 dias e deve ser finalizada até janeiro de 2025. As novas regras se aplicariam a todos os veículos de estrada, com exceção dos veículos agrícolas e de mineração que não são usados em vias públicas.

Reações e Críticas

A China, por meio de sua Embaixada em Washington, criticou a proposta, afirmando que os EUA deveriam respeitar as regras do comércio internacional e garantir condições justas para empresas de todos os países. O governo chinês prometeu defender seus direitos e interesses.

Além disso, a Alliance For Automotive Innovation, que representa grandes montadoras como General Motors, Toyota e Volkswagen, alertou que a transição para novos softwares e hardwares pode levar tempo, já que muitos desses componentes são fabricados na China.

Preocupações de Longo Prazo

Autoridades americanas afirmaram que o potencial de sabotagem de veículos conectados representa um risco crescente, dado que esses carros têm uma vida útil de até 15 anos. Com milhões de veículos em circulação, o assessor de segurança nacional Jake Sullivan alertou que a possibilidade de interrupções aumenta significativamente.

A proposta é uma resposta direta às preocupações de segurança cibernética, em um momento em que as tensões comerciais e tecnológicas entre os EUA e a China continuam a crescer.

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