A equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está contando com uma redução da taxa de juros nos Estados Unidos em setembro para evitar que o alerta feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) se concretize: a possibilidade de elevação da Selic — a taxa básica de juros da economia brasileira — caso a inflação apresente sinais de alta.
Na ata divulgada nesta terça-feira (6), referente à decisão do Copom da semana passada de manter a Selic em 10,5%, o Banco Central manifestou preocupação com a alta do dólar e afirmou que “não hesitará em elevar a taxa de juros” se considerar necessário. Esse cenário gerou expectativas entre os economistas sobre uma redução mais acentuada na taxa de juros dos Estados Unidos no próximo mês, após identificarem um risco de recessão na economia americana.
Juros mais baixos nos Estados Unidos poderiam atrair investidores para o Brasil, devido ao diferencial de juros, oferecendo um maior retorno para aplicações financeiras no país. Isso resultaria em um recuo do dólar no Brasil, aliviando as pressões inflacionárias. A avaliação corrente é que o Federal Reserve (FED) terá que cortar os juros na reunião de setembro, possivelmente em 0,50 ponto percentual, em vez de 0,25 ponto percentual.
Economistas nos EUA têm alertado que o FED já deveria ter iniciado os cortes de juros e que a demora está aumentando o risco de uma recessão. Na véspera da divulgação da ata do Copom, o dólar subiu, fechando a R$ 5,74 após atingir mais de R$ 5,80, mas o governo Lula espera um recuo quando a situação nos Estados Unidos se esclarecer.
Nesta segunda-feira (5), um dos diretores do Federal Reserve, o de Chicago, afirmou que o mercado está exagerando o estresse e que não há dados que confirmem o risco de uma recessão até o momento. Contudo, se novos dados confirmarem esse risco, o FED terá que agir, possivelmente realizando cortes mais intensos na reunião de setembro, o que significaria uma redução de 0,50 ponto percentual, levando os juros a caírem para um intervalo de 4,75% a 5,25%.
O governo Lula está atento a esses desenvolvimentos, na esperança de que uma decisão favorável do FED possa aliviar as pressões econômicas internas e evitar a necessidade de um aumento na Selic, que poderia impactar negativamente a economia brasileira.