Em um episódio que gerou confusão e pânico entre imigrantes ucranianos nos Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump enviou, por engano, um e-mail informando que o status legal de residentes ucranianos havia sido revogado e que eles teriam sete dias para deixar o país. A mensagem, que foi recebida por indivíduos que participam de um programa humanitário criado após a invasão da Ucrânia pela Rússia, indicava que, caso não cumprissem a ordem, seriam localizados e removidos do território americano.
A comunicação, que chegou a muitos residentes ucranianos na quinta-feira (3), dizia: “Se você não deixar os Estados Unidos imediatamente, estará sujeito a possíveis ações legais que resultarão em sua remoção dos Estados Unidos”. O Departamento de Segurança Interna (DHS) reconheceu o erro na sexta-feira (4), informando que o programa humanitário, que permite que ucranianos permaneçam legalmente nos EUA, não havia sido cancelado.
Após a confusão gerada pelos e-mails, o DHS enviou uma segunda mensagem aos afetados, pedindo desculpas e esclarecendo que “os termos da sua permissão, conforme originalmente emitidos, permanecem inalterados neste momento”.
O programa em questão foi criado em 2022, após o início da guerra na Ucrânia, permitindo que cidadãos ucranianos que fugiram do conflito tivessem autorização temporária para residir nos EUA. Este programa foi visto como uma medida de apoio humanitário por parte da administração do presidente Joe Biden, mas, segundo a Reuters, o governo Trump havia planejado, no mês passado, revogar o status legal de aproximadamente 240 mil imigrantes ucranianos.
O erro gerou grande angústia entre os beneficiários do programa. Uma ucraniana que reside legalmente nos EUA e que recebeu o e-mail afirmou à Reuters que, ao ler a mensagem, “não conseguia respirar normalmente e chorava incontrolavelmente”. Ela, que havia renovado seu status de imigração em agosto de 2023, disse ter passado a noite em pânico, tentando entender o que poderia ter feito de errado para ser expulsa do país. “Não tenho nem uma multa de trânsito, não posto nada nas redes sociais”, relatou.
A presidente da IA NICE, uma organização sem fins lucrativos de Iowa, Angela Boelens, também expressou preocupação com a situação. Ela relatou que conhece pelo menos duas mulheres que receberam o e-mail de revogação, uma das quais está grávida. “É um e-mail muito assustador. Todas as minhas famílias estão em pânico total”, disse Boelens, que tem patrocinado dezenas de ucranianos. “Eu dizia às pessoas que elas teriam tempo após receber um aviso de revogação. Mas essa carta é muito diferente.”
A situação gerou um amplo debate sobre a política de imigração dos EUA e a incerteza que ainda afeta muitos imigrantes, especialmente os que fugiram de situações de guerra. Apesar do erro, o DHS reiterou que o status dos ucranianos afetados permanece válido e que o programa humanitário continua em vigor, oferecendo um alívio temporário para aqueles que haviam sido afetados pela mensagem equivocada.