Ministro destaca reservas cambiais e saldo comercial positivo como diferenciais; guerra comercial entre EUA e China, no entanto, preocupa
São Paulo, 8 de abril de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (8) que o Brasil está mais bem preparado do que outros países latino-americanos para enfrentar os impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A declaração foi feita durante sua participação no 11º Fórum Anual de Investimentos do Bradesco BBI, realizado em São Paulo.
Segundo Haddad, o Brasil possui vantagens importantes em relação aos seus pares da região, como um volume robusto de reservas cambiais em dólar e um saldo comercial positivo. “O Brasil, no quadro geral, está bem. Tem reservas cambiais, um saldo comercial robusto. Não é o caso de nenhum outro país latino-americano, por exemplo. Ninguém está nessa situação. Diante do incêndio, relativamente, nós estamos mais perto da porta”, afirmou.
A fala do ministro vai ao encontro do discurso feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que relembrou o pagamento da dívida externa e a criação de um “colchão de proteção” em dólar como legados de seus mandatos anteriores, fatores que agora ajudam o país a enfrentar um cenário externo adverso.
Impacto da guerra comercial
Apesar do otimismo cauteloso, Haddad reconheceu que o Brasil não está imune às consequências da escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Nesta terça-feira, o governo de Donald Trump oficializou uma tarifa extra de 50% sobre produtos chineses, elevando a taxação total para 104%. O anúncio, que pressiona o comércio global, fez o dólar saltar para a casa dos R$ 6.
Haddad alertou que medidas como essa tendem a gerar desequilíbrios difíceis de prever. “Quando você afeta a China, você afeta o Brasil de alguma maneira. É nosso principal parceiro comercial. […] Esse esforço é forte demais para não ter consequências sobre produtividade e sobre o crescimento da economia global. É uma fantasia imaginar que os Estados Unidos vão começar a produzir amanhã tudo aquilo que importam hoje”, afirmou o ministro.
Oportunidades e postura diplomática
O ministro da Fazenda também indicou que, diante da nova configuração do comércio internacional, o Brasil pode se beneficiar em algumas frentes. Segundo ele, os produtos brasileiros podem se tornar mais competitivos nos Estados Unidos, em comparação com os de países fortemente tarifados, como a China. “O Brasil pode avançar no que eles [os EUA] importam hoje”, disse.
Ainda assim, Haddad defendeu que o Brasil mantenha uma postura diplomática e equilibrada nas suas relações comerciais. “Estamos exportando mais para os Estados Unidos, mas também estamos exportando mais para a Europa e para o Sudeste Asiático, particularmente para a China”, afirmou, destacando a importância de diversificar os mercados de destino dos produtos brasileiros.