O grupo palestino Hamas anunciou nesta segunda-feira (26) que aceitou uma proposta de cessar-fogo intermediada pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza. O plano, encaminhado pelo enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, prevê uma trégua de 70 dias, a libertação de dez reféns mantidos pelo Hamas e a soltura de prisioneiros palestinos por parte de Israel, incluindo centenas de detidos cumprindo longas penas.
Além disso, a proposta inclui a retirada parcial das forças israelenses do território de Gaza. Segundo o Hamas, o texto foi recebido por meio de mediadores regionais. O grupo declarou estar disposto a avançar com os termos apresentados, o que, segundo analistas, sinalizaria uma abertura rara para negociações após meses de intensos combates.
Contudo, o governo de Israel rejeitou o plano. De acordo com a imprensa israelense, autoridades locais consideram que os termos impostos pelo Hamas tornam o acordo inaceitável. “A proposta recebida por Israel não pode ser aceita por qualquer governo responsável. O Hamas estabelece condições impossíveis, que significam o fracasso dos objetivos de guerra e a incapacidade de libertar os reféns”, afirmou uma fonte do governo.
A rejeição de Israel contrasta com declarações anteriores atribuídas ao enviado Steve Witkoff, que indicavam que Tel Aviv estaria disposto a aceitar um acordo que previsse a libertação de parte dos reféns, vivos ou mortos. A divergência sobre qual das partes aceitou efetivamente a proposta reforça o impasse entre as narrativas dos dois lados.
Escalada dos combates e ataques a civis
Enquanto as negociações não avançam, a situação humanitária na Faixa de Gaza continua a se deteriorar. As Forças Armadas de Israel realizaram novos ataques aéreos na região, incluindo um bombardeio a uma escola que abrigava civis no bairro de Daraj. O ataque à escola Fahmi Al-Jarjawi deixou ao menos 36 mortos, a maioria crianças, segundo autoridades locais.
O Exército israelense alegou que o local era utilizado por militantes do Hamas e da Jihad Islâmica, que supostamente operavam no prédio usando civis como escudos humanos. Testemunhas relatam que o ataque ocorreu durante a madrugada e que o local foi atingido mais de uma vez, dificultando a fuga dos sobreviventes.
Outros bombardeios registrados em diferentes pontos de Gaza também resultaram em dezenas de mortes. Em um ataque em Jabalia, 19 pessoas morreram. Em outra ofensiva, 15 membros de uma única família, incluindo mulheres e crianças, foram mortos quando uma residência foi atingida.
Netanyahu promete controlar toda a Faixa de Gaza
Diante do avanço das forças israelenses por terra, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel “tomará o controle de toda a Faixa de Gaza”. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que os combates continuarão até o objetivo ser alcançado. “Não desistiremos”, disse o premiê, destacando que a libertação dos reféns permanece como prioridade.
Netanyahu também afirmou que Israel não permitirá que a população de Gaza sofra com a fome, mencionando tanto “razões práticas quanto diplomáticas”. No último dia 18, após pressão internacional, Israel autorizou a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.
Impasse permanece
Apesar da sinalização positiva por parte do Hamas e da mediação ativa dos Estados Unidos, o impasse entre os dois lados persiste. A comunidade internacional continua pressionando por uma solução pacífica e pela proteção de civis em meio à escalada da violência.
Não há, até o momento, previsão de retomada formal das negociações. A situação segue instável, com contínuos confrontos e crescentes preocupações com a crise humanitária na região.