O governo do Iêmen anunciou neste sábado (2) que irá proibir a exportação, reexportação e transferência de petróleo bruto dos Estados Unidos através de rotas marítimas na região do Mar Vermelho. A medida, que entra em vigor em 17 de maio, foi divulgada em comunicado oficial do Centro de Coordenação de Operações Humanitárias (HOCC) do país, e é uma resposta direta aos recentes ataques aéreos norte-americanos em território iemenita.
Segundo o comunicado, os bombardeios dos EUA — incluindo um ataque ao porto petrolífero de Ras Issa, na província de al-Hudaydah, em 17 de abril — causaram dezenas de mortes e destruição de infraestrutura civil, sendo considerados pelo governo iemenita como “crimes de guerra”. O HOCC afirma que o ataque visou diretamente civis, incluindo trabalhadores portuários, e configura uma tentativa de asfixiar economicamente a população do país.
Diante disso, o Iêmen declarou a proibição de qualquer operação comercial envolvendo petróleo bruto dos EUA (classificado sob o código SH 2709.00), incluindo carregamentos diretos e indiretos, transferências entre navios (STS) e operações realizadas por meio de terceiros.
As sanções também preveem punições para empresas que desrespeitarem a nova política. De acordo com o governo iemenita, tais companhias serão incluídas em uma lista de sanções e terão suas frotas impedidas de operar em rotas marítimas estratégicas como o Mar Vermelho, o estreito de Bab al-Mandab, o Golfo de Áden, o Mar Arábico e o Oceano Índico.
Nasruddin Amer, integrante do bureau político do movimento Ansarullah, alertou por meio da rede social X (antigo Twitter) que o envolvimento em transações com empresas sancionadas poderá acarretar sanções adicionais. Isso inclui empresas controladas ou associadas a indivíduos listados, bem como parentes e entidades próximas a esses envolvidos.
Apesar da rigidez da medida, o governo iemenita informou que exceções poderão ser concedidas para finalidades humanitárias ou para países e empresas que se posicionem contra a política externa dos Estados Unidos. Esses casos serão analisados individualmente mediante solicitação formal.
A decisão amplia as tensões entre os dois países e deve impactar rotas comerciais no entorno do Mar Vermelho, região já sensível devido a conflitos armados e disputas geopolíticas envolvendo potências regionais e globais. Até o momento, o governo dos Estados Unidos não se manifestou oficialmente sobre o anúncio.